Por Adilson Carvalho

Estadista e líder militar francês que ganhou destaque durante a Revolução Francesa, Napoleão Bonaparte (1768 / 1821) é uma das personalidades mais polêmicas da História. Foi imperador dos franceses como Napoleão I de 1804 a 1814 e brevemente em 1815 durante os Cem Dias. A influência de Napoleão no mundo moderno trouxe reformas liberais para os vários territórios que ele conquistou e controlou, como os Países Baixos, a Suíça e grandes partes da Itália e da Alemanha modernas. Ele implementou políticas liberais fundamentais na França e em toda a Europa Ocidental. Seu Código Napoleônico influenciou os sistemas legais de mais de 70 nações em todo o mundo. O cinema desde cedo personificou nas telas essa figura icônica, para o bem ou para o mal. Em 1927, o francês Abel Gance (1889 / 1981) escreveu, produziu e dirigiu Napoleão, um marco da história do cinema. Um dos filmes mais representativos do período, Napoleão foi uma revolução em termos de linguagem cinematográfica. Gance usou travellings, exposições múltiplas, câmera na mão, divisão de tela e até mesmo colorização, muito antes que estes se tornassem comuns em outras produções. No final do filme, o diretor divide a tela em três quadros, tendo a cor azul aplicada à esquerda, o branco no meio e o vermelho à direita, simulando a bandeira da França. No filme, a vida de Napoleão é mostrada desde sua juventude até a primeira campanha italiana. Gance era ambicioso e pretendia fazer não apenas um filme, mas uma série de filmes sobre o imperador francês, mas nunca conseguiu realizar seu intento. Em vez disso, Abel reeditou seu filme diversas vezes ao longo das décadas. Isto permitiu que o público redescobrisse sua obra, como na relançamento feito em 1979, uma versão de 5 horas aplaudida dois anos antes da morte de Gance.

Ao longo das décadas, o imperador francês voltou a aparecer em outras produções como no clássico Scaramouche (1952) em que Napoleão aparece brevemente no final da aventura, vivido por Aram Kotcher, aparecendo ao lado de Eleanor Parker. Outra aparição breve foi feita no início de O Conde de Monte Cristo (2002), vivido por Alex Norton. Em 1954, o icônico Marlon Brando viveu o personagem em Desirée – O Amor de Napoleão, dirigido por Henry Koster, contracenando com Jean Simmons e Merle Oberon. Na verdade, Marlon não se interessava pelo papel e só o fez devido a obrigação contratual com o estúdio, já que pouco antes Marlon havia recusado o papel para o qual havia sido escalado em O Egípcio (1954). Décadas mais tarde Stanley Kubrick alimentou por vários anos o desejo de filmar a vida de Napoleão.

Resultado primoroso foi alcançado em Waterloo (1970), produção de Dino de Laurentis, único filme falado em inglês do diretor russo de Sergei Bondarchuk. Laurentis não conseguiu capitalizar fundos para a ambiciosa produção, e só conseguiu realizar o filme quando conseguiu que a produtora russa Mosfilm assumisse um terço do orçamento que chagou a cerca de 12 milhões de libras. A princípio Laurentis queria John Huston na direção com os nomes de Richard Burton e Peter Sellers cotados para o papel de Napoleão, que veio a ficar com Rod Steiger (Dr.Jivago). O icõnico Orson Welles só aparece por breves instantes no início do filme. Em 2002, Gerard Depardieu produziu a minissérie Napoleão para a TV francesa. Uma super produção com cerca de 380 minutos estrelada por Christian Clavier o papel título, além de Isabella Rosselini, John Malkovich, Anouk Aimée e o próprio Depardieu. Todas essas produções valem a pena ser revistas e criam um mosaico de um dos nomes mais influentes da história, e no cinema um dos personagens mais típicos de um grande épico como o realizado por Ridley Scott.