POLTRONA 6: INDIANA JONES & A RELÍQUIA DO DESTINO (NA DISNEY +)

Por Adilson Carvalho

Com o heroísmo cinematográfico ainda dominado por super heróis Marvel / DC, é um prazer rever o herói oitentista Indiana Jones ser reintroduzido nas telas para uma geração que não caçou a arca da aliança, nem as pedras Sankara ou o Santo Graal. São 15 anos desde Indiana Jones & o Reino da Caveira de Cristal (2008), e hoje Harrison Ford conta com 80 anos. O tempo parece então o tom perfeito a tratar no roteiro do novo filme, primeiro da franquia não dirigido por Steven Spielberg. A diferença da mão de James Mangold (Logan) é sentida apesar de admirável esforço em fazer de Indiana Jones e a Relíquia do Destino uma conclusão digna para as aventuras do arqueólogo favorito do cinema. Jones está se aproximando da aposentadoria, em um mundo que não olha para o passado. O ano é 1969 e o homem chega à lua ao som do gritos de protesto contra a guerra do Vietnã e ritmo dos Beatles. Acompanhado de sua afilhada, Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge), o arqueólogo viaja pelo mundo para encontrar um artefato designado por Arquimedes capaz de localizar fissuras no tecido do tempo. O vilão Jürgen Voller (Mads Mikkelsen) ambiciona recuperar o mesmo item que pode mudar o curso da história.

Jones faz dessa missão seu canto do cisne em um mundo em transformação. Um mundo muito mais cruel que a ameaça nazista em que jovens perdem a vida por uma guerra que não queriam. Nesse filão, o roteiro aproveita para justificar a ausência do personagem de Mutt (Shia LaBeouf), e inserir uma camada melancólica para Indy, que destoa dos três primeiros filmes, e até mesmo do quarto tardio episódio da caveira de cristal. O filme que temos agora é um Indiana Jones mais sombrio, com muitas tomadas noturnas, o que me cansou confesso. Mangold disfarça esse tom com ritmo de montanha russa crescente trazendo como maior virtude justamente o reencontro de Indy com o amigo Sallah (John Rhys Davis) e ao final Marion (Karen Allen) em um dos momentos mais emocionantes do filme. No final, Mangold criou um epílogo respeitável, abaixo ainda dos três filmes iniciais, e uma despedida digna para Harrison Ford, pelo papel que eternizou em nossa memória afetiva, embalado pelo indissóciável tema de John Williams.

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