Por Adilson Carvalho

Apresentação: Um dos grandes nomes do elenco estelar brasileiro, Mateus Solano está hoje integrando o elenco da refilmagem de Elas Por Elas, na Rede Globo. Nascido em 20 de março de 1981, em Brasília (DF), filho do diplomata João Solano Carneiro da Cunha e da psicóloga Miriam Schenker. Tendo estudado Artes Cênicas na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Mateus iniciou sua carreira no teatro profissional com a peça O Homem que Era Sábado. Interpretou os gêmeos Jorge e Miguel na novela Viver a Vida (2009), que lhe deu quatro prêmios: melhor ator de novela no Prêmio Contigo! de TV, ator favorito nos Meus Prêmios Nick, melhor ator em Veja Rio – Os Cariocas do Ano e revelação do ano no Troféu Imprensa. A esse sucesso seguiram Mundinho Falcão em Gabriela (2012), o vilanesco Félix em Amor à Vida (2013), protagonizando o primeiro beijo gay em uma novela, ao lado de Thiago Fragoso, além de reviver o personagem Zé Bonitinho, na segunda versão da Escolinha do Professor Raimundo (2015/2012). Tenho a honra de conversar com o ator Mateus Solano.
Adilson: O que te fez despertar para a carreira de ator? Alguém serviu de inspiração?
Mateus: Olá Adilson, amigos e amigas do site. Minha relação com as artes começou bem cedo. Eu fui apresentado ao teatro, ao balé, às exposições, e concertos graças à minha mãe e ao meu pai, que sempre colocaram a cultura em um local muito importante, e não apenas como mero entretenimento. Depois disso, na escola eu tive a matéria teatro, e aí aprendi a levá-lo a sério desde muito cedo. Entrei eu um curso extra curricular na escola, e a partir daí não tinha mais volta. Fiquei apaixonado por enfrentar personagens, e enfrentar a mim mesmo através dos personagens que represento. Assim, eu achei uma maneira de encontrar pontos de reflexão em nós mesmos e sobre a sociedade.
Adilson: Você esteve no teatro, na TV e no cinema. Algum deles tem um gostinho especial para você? Uma preferência?
Mateus: Esta é uma pergunta recorrente. Bem, são meios bem diferentes apesar da arte de interpretação ser a mesma. O teatro é a casa do ator, né? O ator sobre no palco, se espreguiça, diz “que dia lindo, que praia maravilhosa” e o público já imagina a areia sob seus pés. É um lugar onde a imaginação rola solta. A troca entre o ator e o espectador é direta, ao vivo e só naquele dia. A gente vive uma experiência única a cada apresentação, uma que não vai se repetir igual. Tem esse gostinho especial sem dúvida, porque no audiovisual já entra a visão do diretor, o corte, a edição e uma série de coisas que não competem ao ator, mas eu gosto muito de navegar pelos três meios.

Adilson: Qual é o grande desafio para um ator nos tempos atuais?
Mateus: Acho que ser ator é desafiador em qualquer tempo. Mas acho que hoje em dia é particularmente bem difícil porque o Brasil não é um país muito gentil com sua cultura, e portanto também com os trabalhadores da cultura. Morar nesse país é um desafio a mais porque a cultura tem sido atacada ignorantemente, sem que se perceba que esta é uma das maiores riquezas que temos. Ser ator é também complicado, pois o mercado é bem competitivo, mas quando a gente está onde queremos estar, para onde fomos feitos para estar, nada segura.
Adilson: Que papel que você ainda não fez, mas gostaria de fazer?
Mateus: Eu não tenho um específico não. Gostaria de fazer todos se fosse possível.
Adilson: Qual seu filme favorito? E Por que?
Mateus: Não tenho um filme favorito. Os filmes, assim como as peças de teatro, são obras de arte. Ela inspira coisas dentro da gente, que outras obras vão inspirar outras. Não vejo uma hierarquia. Cada filme funciona de maneira diferente, Dançando no Escuro, por exemplo, mexeu comigo profundamente pela injustiça retratada e pela maneira como foi filmada. Há filmes como Lavoura Arcaica, adaptado do livro do Raduan Nassar, que nunca vai sair da minha cabeça, assim como os filmes do Spielberg, que embalaram minha infância e adolescência. Então é muito reducionista escolher somente um.

A equipe Cinema com poesia agradece a gentiliza de Mateus Solano por ter cedido esta entrevista e à Natasha por ter intermediado este contato.