Por Adilson Carvalho

Engraçado como um momento errado atrapalha a performance de um bom filme. Talvez eu seja o único ou um dos poucos que gostou de Aquaman 2: O Reino Perdido, que estreou nas telas no final de dezembro passado. Tenho que admitir que o primeiro filme foi muito mais emocionante, mas a história aqui apresentada é nitidamente uma sequência direta dos eventos do primeiro filme, e faz parecer que sua projeção foi escrita e filmada ao mesmo tempo. Depois de não conseguir derrotar o rei dos mares pela primeira vez, Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II) utiliza o poder do mítico Tridente Negro para liberar uma força antiga e maligna, capaz de acelerar a degradação climática do planeta, levando-o à destruição Na tentativa de proteger Atlântida e o resto do mundo, Aquaman (Jason Momoa) deve forjar uma aliança inesperada com seu irmão Orm (Patrick Wilson) e deixar as diferenças de lado para evitar esta devastação irreversível.

O filme de James Wan é uma divertida e despretensiosa sessão da tarde, e ao contrário do que pode parecer, bem superior aos demais filmes de super herói lançados em 2023. O problema que não podemos deixar de notar ao assistir é que tudo é previsível, dentro da formula criada pelo gênero, que já vem se desgastando há algum tempo. O filme não se pretende ser inovador, e e está claramente servindo como um capítulo final para o Snyderverso, que a Warner sepulta para reinventar tudo com James Gunn no comando do DCU. Se visto livre dessas amarras, o filme funciona bem melhor, por exemplo, do que a sequência de Mulher Maravilha lançado em 2020. Aquaman 2 segue o manual das aventuras em que dois personagens dicotômicos precisam ser unir contra uma ameaça maior do que suas diferenças ideológicas e pessoais. Mera (Amber Heard) tem pouco a fazer, mas justifica-se como sendo consequência do roteiro que foi feito. Seria bom, creio se houvesse um terceiro filme ao menos para fechar uma trilogia, já que o final deixa algumas questões interessantes que daria para continuar, ou que Jason Momoa fosse aproveitado por James Gunn. Por isso, acho que o filme vai ser redescoberto mais tarde não como uma excelente película do gênero, mas como uma divertida aventura, capaz até mesmo de tocar no incômodo assunto das mudanças ambientais, que na vida real não tem um Aquaman para nos ajudar.
