ELVIS & PRISCILA NAS TELAS

Por Adilson Carvalho

O filme de Sofia Coppola certamente não será a última vez que o casal Elvis-Priscila será retratado nas telas. Vamos rever algumas das principais destas transposições que já foram exibidas na TV ou no cinema.

A primeira biografia de Elvis foi feita para a TV dois anos depois de sua morte, em 1979, escrito por Anthony Lawrence e dirigido por John Carpenter, com Kurt Russell (Velozes & Furiosos 8) no papel de Elvis Presley. originalmente exibido na ABC. O papel de Priscila ficou com Season Hubley, que foi casada com Kurt Russell entre 1979 e 1983.  Foi o último papel na televisão para Russell, e a primeira colaboração entre ele e Carpenter, que juntos fizeram “Fuga de Nova York” (1981), “O Enigma do Outro Mundo” (1982) e “Fuga de Los Angeles” (1998). Após seu sucesso na televisão nos Estados Unidos, Elvis foi lançado nos cinemas por toda a Europa, e também nos cinemas brasileiros em 1981, sendo que pouco tempo depois chegou à Tv brasileira, exibido pelo SBT que rebatizou o filme como “Elvis Não Morreu“. Nos estados Unidos, foi indicado ao Globo de Ouro de melhor minissérie ou filme para televisão e a três Prêmios Emmy do Primetime, incluindo Emmy do Primetime de melhor ator em minissérie ou telefilme para Russell. Russell trabalhou e conheceu Elvis no filme “Loiras, Morenas & Ruivas” (1963). No filme, Elvis quer conhecer a enfermeira do parque de diversões e ele paga um garoto, interpretado por Russell, de 12 anos, para chutá-lo nas canelas. Russell também dublou a voz de um jovem Elvis em “Forrest Gump” (1994) e interpretou um imitador de Elvis no filme “3000 Milhas Para o Inferno” (2001). No filme de John Carpenter não era Kurt Russell cantando, mas o cantor country Ronnie McDowell fornecendo os vocais para várias das músicas empregadas no filme. McDowell gravou 36 músicas para a trilha sonora, das quais 25 foram usadas. Curiosamente, Bing Russell, que interpretou Vernon Presley, era o verdadeiro pai de Kurt Russell.

Em 1988, o diretor e roteirista Chris Columbus (Harry Potter & A Pedra Filosofal, Harry Potter & A Câmera Secreta, Esqueceram de Mim) realizou o quase que desconhecido Uma Noite com o Rei do Rock (Heartbreak Hotel), que fantasiou um encontro de Elvis com uma fã, e não usou Priscila na história. Nela, um adolescente (Charlie Schlatter) sequestra Elvis Presley (David Keith) após um show, em 1972, com a esperança de que o cantor anime sua mãe deprimida (Tuesday Weld). Cheio de referências ao ídolo a começar pelo nome do filme, mesmo nome da famosa canção lançada como single  em 27 de janeiro de 1956, pela primeira vez na gravadora, a RCA Victor. Na sequência em que Elvis (Keith) canta em um bar a partir de uma jukebox, a cena é uma recriação da mesma cena feita no segundo filme do rei “A Mulher que Amo” (Loving You) de 1957. O hotel em que o rei aparece hospedado se chama “Flaming Star” (Estrela de Fogo), nome do sexto filme do ídolo. Finalmente, a mãe deprimida é feita por Tuesday Weld, que trabalhou com Elvis em “Coração Rebelde” (Wild in The Country“) em 1961, sétimo filme estrelado por ele. Embora o roteiro seja uma narrativa extremamente fantasiosa, vale como diversão descompromissada no estilo de uma saudosa “sessão da tarde”.

Em 2005, “Elvis” foi uma premiada minissérie exibida em dois episódios. Estreou no canal de televisão CBS, nos Estados Unidos, a 8 de Maio de 2005, adaptando o livro “Elvis & Me“, co-escrito pela própria Priscilla Beaulieu Presley. o mesmo livro que agora Sofia Coppola adapta para as telas. O filme cobre 14 anos da vida do cantor desde seu início até a gravação do “Comeback Special” de 1968. Jonathan Rhys Myers teve elogiada atuação levando para casa o Golden Globe de melhor ator em mini-série, enquanto Antonia Bernath ficoou como Priscila. Além disso, a minisérie teve uma excelente atuação de Randy Quaid como o vilanesco Coronel Tom Parker, o empresário de Elvis que agora é vivido por Tom Hanks no filme dirigido por Baz Luhrmann. A esmerada produção consegue se aprofundar na transformação de um garoto do interior do Mississipi em um astro internacional embalado por várias canções icônicas como Love Me Tender, Don’t Be Cruel, Are You Lonesome Tonight? e a fabulosa “If I Can Dream“. O roteiro toma notável partido do ponto de vista de Priscila, mostrando incluindo o comentado affair entre Elvis e a cantora e dançarina Ann Margret (Rose MacGowan). Vale a pena rever. O mesmo livro de Priscilla foi adaptado também em 1988 pelo diretor Larry Peerce fez uma adaptação do livro para uma minissérie trazendo Dale Midkiff como Elvis e Susan Walters como sua esposa.

No aclamado filme de Baz Luhmann o foco foi diferente, com o roteiro se conectando com relacionamento complicado do Rei do Rock com seu enigmático empresário, Tom Parker, brilhantemente vivido por Tom Hanks. É seu ponto de vista que narra a história de Elvis, uma ambiciosa super produção que só Baz Luhrmann (Moulin Rouge, O Grande Gatsby) poderia dirigir com todo o esplendor de cores e som com as quais o próprio Austin Butler entoa um repertório de canções que entrou para a história. Priscila ficou com a belíssima Olivia Dejonge (A Visita). A maior virtude do filme de Luhrmann foi abarcar uma história de vida tão rica em 2 horas e meia, abrangendo fases diferentes da carreira do cantor. Mas o diretor consegue equilibrar sequências belíssimas da vida de Elvis e impressionando com a atuação de Austin Butler. Não tanto pela aparência, mas pelo talento de Butler de mimetizar passos e expressão corporal do biografado transmitindo sinceridade, autenticidade.

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