MEMORIAS DE CINÉFILO A ERA DAS VIDEOLOCADAORAS

Por Adilson Carvalho

Trago boas lembranças de uma época pré streaming, em que alugávamos filmes em jurássico VHS e reuníamos família e amigos para uma agradável sessão de filmes em casa. Desde 2018, a famosa rede Blockbuster, que chegou a ter cerca de 9 mil lojas nos Estados Unidos, encerrou as atividades em vários lugares, restando hoje apenas uma loja no estado do Oregon em uma cidade com menos de 100 mil habitantes no interior dos EUA. Se pegássemos uma máquina do tempo e voltássemos para a década de 90 e 2000, experimentaríamos uma forma diferente de assistir filmes. As locadoras de vídeo eram também uma atividade social, pois conversávamos, trocávamos ideias sobre os gostos de cada um, descobríamos lançamentos de títulos que nem sequer tinham sido exibidos nas telonas. Lembro nitidamente quando comprei meu primeiro videocassete Gradiente, de duas cabeças para reprodução. A sensação de ter em mãos um filme desejado, com as informações contidas nas capas eram um prazer, e despertavam deliciosos bates-papos de pura cinefilia.

O programão era se associar a várias locadoras, pois era possível achar um acervo diferencial de séries, desenhos, mini-séries, produções feitas pata a Tv entre, claro, os títulos de lançamentos. Eu mesmo frequentava quatro locadoras em meu bairro. Nos finais de semana, era típico chegar na sexta e fezer um pacote com umas três ou quatro fitas. Algumas delas tinham belíssimas capas como a de Parque dos Dinossauros (Jurassic Park) com um estilo pre-histórico, ou as capas dos filmes da franquia 007 . Lembro da expectativa pela chegada da trilogia clássica de Star Wars, em cópias remasterizadas, seguida da maratona com os episódios 4, 5 e 6 assistidos na TV conectada ao videocassete ajustado ao padrão PALM. Lembro também que eu adorava descobrir filmes desconhecidos do grande público disponíveis na prateleira. Foi assim que encontrei a pérola Sherlock & Eu (Without a Clue) com Michael Caine e Ben Kingsley, e que assisti em pleno Carnaval de 1992. Claro que as locadoras tentaram diversificar seus serviços como forma de atrair mais público e assim encontrávamos, CDs, DVDs, games e até bomboniére.

Naquela época os filmes tinham uma janela muito maior para chegarem às locadoras. Janela é o período entre a exibição dos filmes nas salas de projeção e as outras formas, que hoje são imediatamente o streaming e a TV, mas eram as locadoras que tinham essa primazia, sendo um meio caminho entre o cinema e a TV. Assim filmes como Titanic de James Cameron, Forrest Gump de Robert Zemeckis e A Lista de Schindler de Steven Spielberg eram disputados nas prateleiras mesmo por aqueles que já haviam visto os filmes no cinema e queriam revê-los em casa enquanto outros queriam ver pela primeira vez, já que servia como uma segunda chance. A propósito, o primeiro filme que aluguei em uma videolocadoras foi 007 contra Goldfinger, seguido de todos os filmes estrelados por Roger Moore. Naqueles bons tempos logo vieram os aparelhos de videocassete de quatro cabeças, de oito cabeças, autolimpantes, e a tecnologia evoluiu com os DVDs e BluRays, ao menos até que a internet trouxesse os downloads e o streaming, e hoje ficou esse saudosismo inevitável que nem rebobinando conseguimos reviver.

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