ENTREVISTA COM ALEXANDRE MORENO

Por Adilson Carvalho

Apresentação: Temos muito orgulho em apresentar o dublador Alexandre Moreno, uma das vozes mais conhecidas do Brasil. Seu talento pode ser apreciado dublando os atores Adam Sandler, Ben Stiller, Patrick Dempsey (Encantada), Jude Law (Sherlock Holmes) entre outros. Em 2004 ganhou o Prêmio Yamato de melhor dublador de coadjuvante pelo personagem Kaká em Johnny Bravo. Entre os personagens de animação que dublou estão o Drácula de “Hotel Transilvânia”, o Gato de Botas e a doninha Buck de “A Era do Gelo 3”. Em 5 perguntas vamos conhecer um pouco mais sobre este grande profissional cujo talento podemos comprovar a cada trabalho.

Adilson:  Durante o tempo que tem dublado, há alguma diferença entre animação e live action que o faça preferir um ou outro?

Alexandre Moreno: Em termos de preferência, é difícil escolher um. Vejo a animação tradicional, o desenho animado, como comédia. Adoro comédia. Comédia é a hora do recreio da vida. Comédia é a ironia, o deboche, a brincadeira com a vida. Já o chamado live action, o “filme de verdade”, me atrai profundamente por outro viés. Como pessoas, acho que nos desenvolvemos mais, evoluímos mais, diante do drama, da tragédia da vida. Também nos proporciona, enquanto atores e atrizes, investigar a interpretação de outros artistas. É bem verdade que muitas animações tem características de live action e vice-versa. Eu resumiria dizendo que os elementos que caracterizam cada gênero, me encantam de formas diferentes. 

Adilson : Você chegou a encontrar pessoalmente um dos atores que você já dublou? Se sim, como foi a experiência?

Alexandre Moreno: Não. Nunca encontrei. Não vejo o ato de dublar um ator de forma tão pessoal assim. Para mim o que importa, o que me encanta, é a investigação do trabalho do ator que está na tela para, a partir daí, dar a minha interpretação, combinando com o que já foi feito. Esse estudo me encanta. Essa dificuldade é muito desafiadora.

Adilson: A dublagem no Brasil já recebeu elogios e também críticas negativas de alguns apreciadores da voz original dos atores. Em sua opinião, como um profissional do ramo da dublagem, como você analisa esta comparação ?

Alexandre Moreno: Eu vejo a dublagem como uma versão brasileira. Um filme dublado de forma brilhante será, ainda assim, uma versão brasileira do filme original. Por isto, consigo entender as críticas à dublagem neste sentido. Mas vejo a maior parte dessas críticas, desprovida de conhecimento artístico e ancorada em puro preconceito. Existem trabalhos de dublagem fantásticos e existem trabalhos de dublagem péssimos, como existem espetáculos teatrais maravilhosos e espetáculos teatrais horríveis. A arte pode estar em tudo. Depende dos artistas e do sistema que a produz.

Adilson: Você acredita que o dublador de hoje no Brasil consegue ser mais respeitado em sua profissão, tendo seus direitos trabalhistas garantidos, ou ainda falta muito para a conquista de um respeito maior?

Alexandre Moreno: Acho que ainda falta muito. Mas o otimismo é importante na vida. Prefiro acreditar que os atores e atrizes que atuam no mercado da dublagem, serão cada vez mais reconhecidos pela sua arte. Afinal, a arte é um grande produto. A arte é um oásis num mundo cada vez mais superficial, mas também é um excelente produto para consumo.

Adilson : Qual personagem você não dublou mas gostaria de ter dublado? Por quê? 

Alexandre Moreno: Não tenho em mente nenhum personagem que eu deseje dublar. Eu já dublei alguns grandes atores. Foram um estudo, um desafio maravilhoso. De certa forma, eu abordo as coisas que faço com o mesmo sentido de entrega. Eu diria que os grandes atores, em seus personagens,  são os mais desafiadores e os mais interessantes.

Créditos – Equipe CCP 
⦁ Adilson Carvalho (Editor Chefe)
⦁ Paulo Telles (Colunista “Cine Retro Boa Vista”)
⦁ Sérgio Cortez (Colunista “Prelo & Película”)

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