POLTRONA 6: A SOCIEDADE DA NEVE

Por Adilson Carvalho

Filmes baseados em fatos reais costumam ser impactantes quando contam histórias de superação, e no caso de A Sociedade da Neve (La Sociedad de la Nieve), é angustiante perceber a fragilidade da vida humana diante do rigor da natureza, e até onde somos capazes de chegar para garantir a própria vida. O filme de J.A. Bayona (O Impossível, Jurassic World: Reino Ameaçado) é capaz de provocar discussões e nos faz sentir na pele como deve ter sido passar 72 dias preso no alto da Cordilheira dos Andes, destituído de tudo menos a perseverança de voltar à civilização.

O filme sobre um avião que cai em uma região remota da cordilheira dos Andes em outubro de 1972 funciona em sua narrativa catártica de abordar a luta pela sobrevivência, e pode até nos estimular a encontrar força diante das adversidades corriqueiras que nos afligem. A história de um grupo de cerca de 40 jovens que embarcam em uma viagem fatídica, cujo final chega com apenas 16 deles vivos, desnutridos, fracos e que tiveram que se alimentar dos corpos dos colegas mortos, é carregada de dramaticidade. O trabalho de Bayona consegue recriar o suplício dos passageiros do vôo 571 da Força Aérea Uruguaia, à medida que um a um sucumbem aos rigores do clima e do ambiente desolado ao qual estão confinados e feridos não apenas fisicamente como também psicologicamente, e esse fardo emocional compensa a longa duração do filme (2h25min). Talvez se fosse menor, o filme pudesse ser mais fácil de digerir, embora não menos horripilante.

O elenco não traz nomes conhecidos, mas traz Carlitos Páez, filho de um dos sobreviventes do desastre interpretando o papel do seu próprio pai (Carlos Páez Vilaró) no filme. Outro dos sobreviventes, Fernando ‘Nando’ Parrado, faz o papel de Membro da Família na cena do Aeroporto. A história já foi contada anteriormente nos filmes Vivos (1993), protagonizado por Ethan Hawke, e Sobreviventes dos Andes (1976), além de ter sido objeto de vários documentários, incluindo A Sociedade da Neve (2007) e I Am Alive: Sobreviventes dos Andes (2010). Se com O Impossível, Bayona transformou um tsunami em uma história capaz de prender a atenção, espere para ver o que o diretor conseguiu aqui.

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