Por Adilson Carvalho

Leonard Bernstein é um dos maiores músicos, compositores do século XX e isto é inegável, mas talvez por ser uma figura tão importante para a arte musical americana, fique difícil para o público brasileiro apreciar a narrativa arrastada de Maestro, segundo trabalho na direção de Bradley Cooper, que retorna para atrás das câmeras 5 anos depois de seu mega sucesso Nasce Uma Estrela. E é a Bradley Cooper que se deve todos os louros da vitória por esse novo lançamento da Netflix (disponível desde dia 20/12(. Bradley é co autor do roteiro, dirige (o projeto quase ficou com Steven Spielberg) e protagoniza com uma impressioanante habilidade para conduzir a história de Bernstein, maestro, compositor, e pianista estadunidense. Vencedor de vários Grammy, famoso na direcção da Filarmônica de Nova York, criador dos célebres concertos para jovens na televisão (Young People’s Concerts), entre 1954 e 1989, compositor de musicaiss icônicos como Amor Sublime Amor (West Side Story), e Um Dia Em Nova York (On the Town), ambos adaptados da Broadway para as telas. Uma das figuras mais influentes na história da música clássica americana, patrocinou obras de compositores americanos, foi inspirador das carreiras de uma geração de novos músicos. Ainda assim, e apesar de tantos superlativos travava suas batalhas íntimas como a bisexualidade velada e os conflitos de sua paixão maior, a música. Cooper ao lado de Carey Mulligan forma uma unidade interpretativa forte, que carrega a tela de emoções, e compensa a narrativa de clichês avançando no tempo e explorando bem a fotografia em preto e branco, e depois as cores à medida que os personagens envelhecem, e isso com trabalho admirável de maquiagem. Cooper chegou a ser criticado pelo uso de nariz falso, mas isso é bobagem. O filme mostra como Lenny, como chamado por seus íntimos, conquistou todo esse espaço, mesmo que pessoalmente tropeçasse em outras questões. A sequência que ele e sua esposa, a atriz de TV e teatro Felicia Montealegre (Mulligan) discutem em casa enquanto um balão com a forma do cão Snoopy diverte seus filhos é uma tour de force incrível de dois intérpretes talentosos. E é sobre família que o filme trata em suas 2 horas e 9 minutos, família e sacrifício. Em papel pequeno, como uma das filhas de Leonard e Felicia está a atriz Maya Hawke (a Robin de Stranger Things). Se como cinebiografia, Bradley não ousa tanto, ao menos entrega um filme sincero em suas intenções, sutil em determinados momentos e preocupado apenas em pintar um retrato justo da figura de Bernstein sem criar julgamentos, mas sublimando a capacidade humana de criar beleza com a arte mesmo que a vida real não nos ofereça o mesmo. Cheiro de Oscar no ar.
