Por Adilson Carvalho

A primeira adaptação das histórias do Quarteto Fantástico foi desastrosa e peculiar por nunca ter sido lançada nos cinemas em qualquer parte do mundo, nunca ter sido comercializada em VHS ou DVD, sobrevivendo apenas devido a cópias piratas existentes contra a vontade da própria Marvel. Nós anos 80, a editora licenciou o Quarteto com a desconhecida produtora alemã Constatin Film, com um prazo de 10 anos para desenvolver a produção. Em 28 de dezembro de 1992, a dois dias para que os direitos expiraram, a Constatin Film encarregou o diretor Roger Corman de produzir o filme imediatamente com um orçamento irrisório de apenas $1,000,000. A direção, no entanto, foi assumida pelo desconhecido Oley Sassone, que mais tarde dirigiria vários episódios da série Xena A Princesa Guerreira (1995-2001). No elenco Alex Hyde White (Senhor Fantástico), Rebecca Stabb (Mulher Invisível), Jay Underwood (Tocha Humana), Michael Bailey Smith (O Coisa) e Joseph Culp como o grande vilão Dr. Destino. Segundo o próprio Stan Lee, em entrevista, o filme não tinha qualquer chance de ser lançado oficialmente nas telas, apenas cumprindo uma obrigação contratual. O resultado foi tão ruim que a Marvel se encarregou de comprar todos os negativos e cópias para destrui los, chegando até mesmo a negar a existência do filme.

Depois do fiasco do filme de Roger Corman, a Marvel teve os direitos do Quarteto Fantástico vendidos para a Fox, que em 2005, ainda no início do boom dos filmes de super heróis, contratou Tim Story (Tom & Jerry – O Filme) depois de Chris Columbus (Harry Potter & a Pedra Filosofal) insistentemente tentar adquirir os direitos. Columbus chegou a declarar depois que pensava no casal Dennis Quaid e Meg Ryan para o casal fantástico. Apesar de ter várias cenas reproduzindo as primeiras histórias, o Dr. Destino de Julian McMahon (Charmed, Estética) ficou na canastrice, longe do personagem complexo das hqs. O elenco principal mostrou química com Ioan Gruffudd (Senhor Fantástico), Jessica Alba (Mulher Invisível), Chris Evans (Tocha Humana) e Michael Chiklis (O Coisa). A bilheteria de US$ 333.535.936 para o orçamento de cerca de US$100.000,000 garantiu a volta do diretor e do elenco para a sequência Quarteto Fantástico & O Surfista Prateado (2007). Desta vez, Jessica Alba usou uma peruca já que o tingimento de seu cabelo para o primeiro filme havia lhe causado uma terrível reação alérgica. A história incluiu o casamento de Reed e Sue como ocorrido em Fantastic Four Annual #3 (1965) com direito a mais divertida participação de Stan Lee, fazendo ele mesmo sendo barrado na festa de casamento e dizendo “Sou Stan Lee, sou mesmo Stan Lee“, reproduzindo a quebra da 4ª parede inserida por Lee e Jack Kirby na edição original. A maior crítica, no entanto, foi a forma como Galactus foi representado, sem nada que lembre o personagem das hqs. Para as filmagens, Lawrence Fishburne chegou a ser contratado para fazer a voz de Galactus, mas acabou fazendo a voz do Surfista Prateado, cujo visual usou a captura de movimento do ator Doug Jones. A presença de Nick Fury também foi pensada mas substituída na última hora pelo General Hague (Andre Braugher). Outro momento do filme tirado das hqs foi o plot em que o Dr. Destino (McMahon) rouba os poderes do Surfista Prateado. A Fox chegou a pensar em um 3º filme e em um filme solo do Surfista mas o fracasso nas bilheterias enterrou qualquer possibilidade. Pouco depois, Jessica Alba, que estava insatisfeita com o rumo dado a sua personagem recusou-se a voltar para um 3º filme. Pouco depois, Chris Evans assinou com a Marvel para fazer o Capitão América e a Fox decidiu fazer um prematuro reboot dos heróis.

Dez anos depois do primeiro filme de Tim Story, a Fox lançou um novo Quarteto Fantástico, dirigido por Josh Trank reunindo Miles Teller (Senhor Fantástico), Kate Mara (Mulher Invisível), Michael B. Jordan (Tocha Humana), Jamie Bell (O Coisa) e Toby Kebbell (Dr. Destino). Foi a primeira vez que Stan Lee se recusou a fazer uma aparição em um filme do Universo Marvel. Novamente, o filme foi produzido rápido para evitar que os direitos fossem revertidos para a Marvel. Tanto a crítica quanto o público rejeitaram o filme, principalmente os uniformes sem nenhuma conexão com os quadrinhos e um Dr. Destino ainda pior que o representado por Julian McMahon. Com isso esperamos que o novo time reunido tenha melhor sorte para representar a primeira família Marvel.