HISTORIAS DO OSCAR: RUBENS EWALD FILHO E EU

Por Adilson Carvalho

Se estivesse vivo hoje meu mestre Rubens Ewald Filho estaria fazendo 79 anos,  nada mais justo então do que homenagear o “Homem do Oscar“, alcunha mais do que merecida do crítico de cinema que durante mais de 30 anos foi a cara do Oscar no Brasil, participando da transmissão da cerimônia pela Rede Globo (que hoje não mais transmitirá o Oscar), SBT, HBO, Telecine, e por fim pela TNT. Sua assombrosa memória lhe permitia lembrar o nome de atores, diretores, figurinistas, fotógrafos, maestros, técnicos, roteiristas entre vários profissionais indicados ao prêmio da Academia. Rubinho, como era chamado por seus amigos, elevava a cultura cinematográfica a um patamar de popularidade singular

Tive o prazer de tê-lo conhecido, tendo escrito para ele por 9 anos na condição honrosa de seu assistente. No começo, Rubinho me pedia para escrever artigos de apoio sobre os filmes de super herói, sendo eu um colecionador do gênero. Com o tempo ele passou a me confiar textos de outros gêneros cinematográficos alimentando minha paixão pelo ofício, e que ele publicava a princípio no blog que ele tinha no R7 (entre 2010 e 2012), e depois no dvdmagazine, e no jornal A Tribuna. Rubens foi meu mentor, meu mestre e meu amigo, me orientando com uma generosidade rara. Meu querido Rubens era um cavalheiro, um homem culto e digno e nem mesmo o infeliz incidente no Oscar 2018, no qual fez um comentário que foi considerado transfóbico, maculou sua dignidade e profissionalismo, tendo se desculpado então.

Rubens passou por todos os meios midiáticos de seu tempo: Globo, revista Veja, SBT, A Tribuna, TV Cultura, participou de Festivais de Cinema como Gramado, criou o Polo cinematográfico de Paulínia, escreveu o prestigiado Dicionário de Cineastas, publicado pela primeira vez em 1977, coordenou a coleção Aplauso, escreveu as novelas Drácula / Um Homem Muito Especial para a TV Tupi e depois Bandeirantes, escreveu também a adaptação de Éramos Seis para a Tupi e depois SBT, fez teatro, enfim um conjunto de obra fascinante. Foi durante a década de 80 que o vi pela primeira vez apresentando o programa Isto é Hollywood na TV Cultura e bastou isso para que plantasse em mim esse amor pela sétima arte, amor que Rubens teve ao longo de mais de 50 mil filmes assistidos, um recorde. Amo Rubinho e sinto muito sua falta. A noite do Oscar ficou mais triste para mim, mas sigo assistindo a cerimônia. Se o Oscar deve ir para alguém, deveria ter ido para o Rubens, mais do que merecido, e digo em sua memória, Obrigado Rubens, por tudo, sempre.

O Oscar 2024 pela TNT e HBOMAX ocorre dia 10 de março. Abaixo André Azenha nos fala sobre o mestre Rubens.

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