Por Leo Banner

Hoje é a vez de falarmos do SHAZAM, originalmente conhecido como Capitão Marvel, um personagem cuja história traz não apenas elementos típicos dos quadrinhos da Era de Ouro, mas também alguns toques de fantasia. Criado em 1940 pelo roteirista Bill Parker e pelo artista C. C. Beck, o então chamado Capitão Marvel surgiu na revista WHIZ COMICS #2, da Editora Fawcett Comics, e trazia as histórias do jovem Billy Batson, que ao pronunciar a palavra mágica SHAZAM se tornava um campeão que lutava pela justiça e liberdade! A grande sacada era que Billy era pouco mais que uma criança que trabalhava como repórter, ao passo que sua contraparte heróica era um adulto superpoderoso! SHAZAM, na verdade, é o nome do Mago que escolhe Billy como seu campeão, tratando-se de um acrônimo dos nomes das figuras mitológicas que conferem poderes ao herói:
Salomão- sabedoria;
Hércules – tremenda força física;
Atlas – invulnerabilidade;
Zeus – magia;
Aquiles – coragem; e
Mercúrio – velocidade e capacidade de voo!

Surgido, como dito anteriormente, em plena Era de Ouro dos quadrinhos, o Capitão Marvel/ SHAZAM fez grande sucesso com seu elenco de personagens pitorescos, histórias divertidas e cheias de magia, bem como daquelas soluções simplórias típicas da época, o que veio a incomodar a National Publications – futura DC Comics – que conseguiu interromper as publicações do personagem da Fawcett em 1953 em função de um processo por infração de direitos autorais sob a alegação de que o Capitão Marvel/ SHAZAM era uma CÓPIA do Superman! A título de observação, ainda que não conheça a legislação autoral norte-americana, a decisão sempre me pareceu absurda porque, tirando uma ou outra característica, os personagens são bem diferentes e distintos entre si! Aqui ainda vale mais um parêntese; pois, em decorrência da briga jurídica National X Fawcett durante a década de 1950, a editora britânica L. Miller & Son que tinha como seu carro-chefe a publicação das histórias do Capitão Marvel, se viu numa situação desesperadora ao não mais poder publicar as histórias do personagem. Com isso, contratou o artista britânico Mick Anglo que criou o MARVELMAN, esse sim uma verdadeira cópia do Capitão Marvel, para suas publicações (mas isso é assunto para outro post muito específico, caso haja interesse daqueles que nos brindam com sua preciosa atenção…😉). Completamente esquecido na década de 1960 por conta dessa disputa jurídica, o Capitão Marvel/ SHAZAM só voltou a aparecer na década de 1970, com a DC Comics tendo adquirido seus direitos de publicação, retomando o personagem com todo seu elenco de coadjuvantes e vilões (Família Marvel, Doutor Sivana etc) e integrando-o a uma das várias Terras componentes de seu Multiverso (a Terra-S). Com isso, não tardou para que o Superman e o Shazam se encontrassem para trocar sopapos, que parecia retratar a antiga briga entre as editoras DC e Fawcett, no lançamento All-New Collectors’ Edition #58 Superman vs. Shazam, de 1978, publicado aqui no Brasil pela EBAL em formato diferenciado, e que vai ser republicado esse ano pela Panini Comics na onda do novo filme do personagem! Quando SHAZAM teve seu ressurgimento editorial no começo da década de 1970, a Marvel Comics já havia criado e registrado um personagem com o nome “CAPITÃO MARVEL”, o que levou a DC tempos mais tarde a rebatizar definitivamente (o agora “SEU”) personagem para SHAZAM, inclusive nas republicações de histórias clássicas!

PUBLICAÇÕES RELEVANTES: Ainda que tenha sido integrado ao cânone da DC, SHAZAM sempre foi um personagem considerado de segundo escalão, tendo sua popularidade elevada em alguns momentos pontuais de sua existência por conta da primeira adaptação cinematográfica na década de 1940 estrelada por Tom Tyler, em formato episódico; em função da série de televisão da década de 1970 estrelada por Michael Gray, Jackson Bostwick e John Davey, e também pela ótima e divertida animação produzida pela Filmation no começo da década de 1980, mas foi somente depois da seminal CRISE NAS INFINITAS TERRAS, de 1985/1986 – história que redefiniu o Universo DC nos quadrinhos e estabeleceu, ao menos para aquele tempo e nos anos que se seguiram, uma ÚNICA Terra – que SHAZAM passou a ter um lugar de destaque junto aos grandes personagens da Editora das Lendas, com o título SHAZAM: THE NEW BEGINNING, de 1987, uma minissérie em quatro partes escrita pelo veterano Roy Thomas e sua esposa Dann Thomas, com arte de Tom Mandrake, que, a exemplo do que ocorrera com Batman, Superman e Mulher-Maravilha depois de CRISE… tiveram suas histórias de origem atualizadas para a nova era que então se iniciava! Mas foi apenas alguns anos depois, em 1995, que o personagem teve aquela que muitos consideram sua melhor fase, com o título THE POWER OF SHAZAM, sob o mandato de JERRY ORDWAY, um dos principais roteiristas e artistas do Superman da segunda metade dos anos 1980 e início dos anos 1990, que durou 47 edições! Infelizmente essa fase aportou no Brasil de forma insipiente pela editora Abril, que publicou somente 14 edições desse título na revista em formatinho “Shazam”, que teve apenas 12 números! Mais da metade dessa fase muito amada pelos fãs do personagem permanece totalmente INÉDITA por aqui até os dias de hoje! Já REINO DO AMANHÃ, de 1996, ainda que seja ambientada no futuro e focada no Superman, tem a participação fundamental de SHAZAM num dos momentos que considero mais ICÔNICOS, espetaculares e emocionantes das HQs (ei, não me olhem com essa cara… eu sou um fã apaixonado por quadrinhos….😁😉), nessa maravilhosa pérola escrita por KURT BUSIEK (sem dúvida seu melhor trabalho) e ilustrada esplendorosamente por ALEX ROSS (vale a mesma observação que fiz para Busiek!😝)! Definitivamente uma das minhas histórias favoritas de todos os tempos!

Em 2006, Shazam teve uma série em 12 edições chamada THE TRIALS OF SHAZAM, pelo competente Judd Winick nos roteiros e Howard Porter na arte. No entanto, foi na fase conhecida como OS NOVOS 52 que SHAZAM ressurgiu de forma espetacular para antigas e novas legiões de fãs numa série de histórias curtas produzidas por GEOFF JOHNS (roteiros) e GARY FRANK (arte), publicadas originalmente na parte final do título JUSTICE LEAGUE #7-11, #14-16, #18-21 e JUSTICE LEAGUE #0, nos anos de 2012 e 2013. Essas histórias foram compiladas numa bela edição em capa dura pela Panini Comics no encadernado SHAZAM – COM UMA PALAVRA MÁGICA, e além de atualizarem muito bem a história do herói, serviram de base para o filme de 2019 estrelado por Zachary Levi e Mark Strong. Vale mencionar que a personalidade de Billy Batson nessa abordagem mais contemporânea não agradou alguns fãs mais puristas, mas, sinceramente, o enfoque dado por Geoff Johns é genial, pois o comportamento aparentemente indiferente, arrogante e difícil de Billy nessas HQs apenas serve para mascarar seu medo de se apegar às pessoas, sua bondade, coragem e nobreza que, não obstante, permanecem na essência do personagem, ainda que não de forma aparente a princípio! Uma história que vale a pena ser lida e conhecida, pois atualiza não apenas o protagonista, mas também seus principais oponentes, como Adão Negro, que tem as motivações de sua conduta bem mais aprofundadas, e Doutor Thaddeus Sivana, que abandona aquele estereótipo caricato de cientista maluco típico da Era de Ouro para ressurgir como um antagonista perigoso e letal a ser temido! O filme de 2019 foi uma das melhores adaptações de materiais baseados em HQs, com boas doses de ação e humor, sem esquecer daquela pitadinha de drama que todo bom herói precisa na sua jornada! Minha torcida é que sua continuação, no mínimo, mantenha o mesmo nível!
SHAZAAAAAAAMMMMM!!!!!!!!!
Vida longa e próspera e até a próxima!🖖🏻
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