GALERIA DE ESTRELAS | MARLON BRANDO – 100 ANOS

Por Adilson Carvalho

Ator de cinema e teatro e diretor norte-americano, Marlon Brando é saudado como um das maiores mitos do cinema hollywoodiano. Sua persona foi embebida por uma aura lendária como um símbolo do método, o sistema de atuação do Actor’s Studio, derivado de Stanislavski. Seu estilo é realista, profundo e até pertubador dada a entrega do ator aos papéis icônicos que interpretou, sendo por eles amplamente considerado um dos maiores e mais influentes atores de todos os tempos. Brando também foi um ativista por muitas causas, notadamente o movimento pelos direitos civis e vários movimentos indígenas americanos.

Em seu início de carreira trabalhou em Sayville, Nova York, e ficou notório por um padrão de comportamento errático e insubordinado, que o levou a ser expulso do elenco da produção da New School em Sayville. Em 1944, aos 20 anos, chegou à Broadway no drama Remember Mama, seis anos de sua estreia no cinema em Os Homens (The Men), interpretando o papel de um veterano paraplégico amargo. Mas foi em 1951 em Uma Rua Chamada Pecado (A Streetcar Named Desire), baseado na peça de Tennesse Williams, que o ator chamou atenção com o brutal Stanley, de camiseta gritando “Stella!!!” . Vieram então Emiliano Zapata em Viva Zapata! (1952), Marco Antônio em Julius Cesar (1953), Johnny Strabler em O Selvagem (1953), que fez do ator um ícone da rebeldia em plena era do Rock n’Roll. Brando soube que o diretor Elia Kazan, que era como um mentor para o ator, havia cooperado com os investigações do congresso, denunciando uma série de “subversivos” ao Comitê de Atividades Não Americanas (HUAC) da Câmara. Consta que Brando teria ficado arrasado com a atitude de Kazzan. Ainda assim, foi sob as ordens de Kazan, seu diretor em Sindicato de Ladrões (1954), que Brando ganhou seu primeiro Oscar de melhor ator. Por razões contratuais, veio a fazer o papel de Napoleão Bonaparte em Desirré – O Amor de Napoleão (1954), papel pelo qual pouco se esforçou, alegando que não gostou do roteiro, além de que ele desprezava praticamente o diretor Henry Koster. Comédias e musicais apareceram em seu caminho como Eles e Elas (Guys and Dolls), de 1955, A Casa de Chá do Luar de Agosto (The Teahouse on the August Moon), de 1956 (um papel caricato demais com Brando se passando por japonês) e Dois Farristas Irresistíveis (Bedtime Story) de 1964. O ator continuou, no entanto, a fazer papeis desafiantes como o oficial nazistas de Os Deuses Vencidos (Young Lions) de 1958, e o cowboy de A Face Oculta (One Eyed Jack), de 1961, este o único filme dirigido por ele.

O filme ia ser inicialmente dirigido por Stanley Kubrick, que foi demitido pela Paramount. A tendência de Brando para várias retomadas e exploração do personagem como ator continuou na direção, no entanto, e o filme logo ultrapassou o orçamento; O estúdio esperava que o filme levasse três meses para ser concluído, mas as filmagens se estenderam para seis e o custo dobrou para mais de seis milhões de dólares. A inexperiência de Brando como editor também atrasou a pós-produção e a Paramount eventualmente assumiu o controle do filme. Brando escreveu mais tarde: “A Paramount disse que não gostou da minha versão da história; todos mentiram, exceto Karl Malden.” Sua sorte não foi melhor com a refilmagem de O Grande Motim (Mutiny on the Bounty), ficando com o papel de Fletcher Christian, que foi de Clark Gable no filme original. A volta por cima veio com o papel de Vito Corleone em O Poderoso Chefão (The Godfather) de 1972, dirigido por Francis Ford Coppola, e que lhe rendeu seu segundo Oscar de melhor ator, que ele recusou enviando em seu lugar uma atriz vestida de índia em protesto devido a maus-tratos e má representação de nativos americanos em Hollywood. Com O Último Tango em Paris (1972) Brando se reestabeleceu nas fileiras das maiores estrelas de bilheteria, gerando polêmica ao contracenar com Maria Schneider, que muitos anos mais tarde revelou ter sofrido abuso nas mãos do ator.

Depois de um hiato no início dos anos 1970, Brando se tornou um ator altamente pago em papéis coadjuvantes, como o Jor El de Superman o Filme (1978), o Coronel Kurtz em Apocalypse Now (1979) e em The Formula (1980), entrando para o Guinness Book of World Records, por ter recebido um cachê recorde de US$ 3,7 milhões ($ 16 milhões em dólares ajustados pela inflação) e 11,75% do lucro bruto por 13 dias de trabalho no Superman. Brando também filmou cenas para a sequência do filme, Superman II, mas depois que os produtores se recusaram a pagar a ele a mesma porcentagem que ele recebeu pelo primeiro filme, ele negou a permissão de usar a filmagem. “Pedi minha porcentagem usual“, lembrou ele em suas memórias, “mas eles recusaram, e eu também“. No entanto, após a morte de Brando, a filmagem foi reincorporada ao recorte de 2006 do filme, Superman II: The Richard Donner Cut e na “sequência solta” de 2006, Superman Returns, em que usou e não usou imagens de arquivo dele como Jor-El dos dois primeiros filmes do Superman foi remasterizado para uma cena na Fortaleza da Solidão, e as vozes de Brando foram usadas ao longo do filme. Classificado pelo American Film Institute como a quarta maior estrela de cinema entre as estrelas de cinema masculinas, um dos apenas seis atores nomeados em 1999 pela revista Time em sua lista das 100 pessoas mais importantes do século, e eleito pela Time como o “Ator do Século XX.” Sua escolha de papeis ao longo dos anos 80 e 90 foi diminuindo gradativamente apesar de ter chamado a atenção contracenando com uma nova geração de atores como Matthew Broderick em Um Novato na Mafia (1990) e Johnny Depp em Don Juan de Marco (1995). Infelizmente sua vida pessoal chegou aos noticiários pela tragédia quando Christian Brando, filho do ator, matou o namorado de sua irmã Cheyenne, que algum tempo depois se suicidou.

Brando é considerado um dos maiores e mais influentes atores do século XX. Na opinião do cineasta Martin Scorsese, “Ele é o marco no cinema. Há o antes de Brando e o depois de Brando“. Uma lenda que se vivo estivesse completaria hoje 100 anos.

Deixe um comentário