GERAÇÃO 80 | O CLUBE DOS CINCO

Por Adilson Carvalho

Em 1985 John Hughes foi muito perceptivo em captar os dilemas pessoais que povoaram as mentes dos jovens, o vazio ideológico e o medo diante do que significava entrar na vida adulta em meio a expectativa de pais, professores e de si próprios. Com este tema Hughes escreveu e dirigiu O Clube dos Cinco ( The Breakfast Club) , lançado em fevereiro de 1985, e quatro meses depois no Brasil.

No sábado, 24 de março de 1984, cinco alunos da fictícia Shermer High School em Shermer, Illinois, estão cumprindo uma detenção na escola, o que significa um dia inteiro cumprindo tarefas escolares como castigo por suas ações.  O nerd desajeitado Brian Johnson (Anthony Michel Hall), que sofre pressão de seus pais e por isso teria tentado o suicídio, o frenético aspirante a atleta Andrew Clark (Emilio Estevez) que colou as nádegas de um outro aluno,  a tímida e solitária Allison Reynolds (Ally Sheedy), uma mentirosa compulsiva que preferiu passar o sábado na detenção do que se sentir negligenciada pelos pais, , a garota popular Claire Standish (Molly Ringwald),  uma patricinha perdida em meio ao divorcio dos pais e o rebelde e delinquente John Bender (Judd Nelson), que comete delitos para extravasar a relação abusiva com o pai violento. Eles se encontram  na biblioteca da escola e se encontram com o vice-diretor Richard Vernon (Paul Gleason), que os alerta para não falarem ou se levantarem de suas cadeiras e atribui a cada um deles a tarefa de escrever uma redação de mil palavras descrevendo “quem você pensa que é“. John ignora as regras impostas pelo vice-diretor, passando seu tempo provocando os outros alunos e desafiando Vernon. Apesar das diferenças, os alunos percebem que todos enfrentam problemas semelhantes e forjam um laço de amizade entre si que mesmo que só dure um dia, os marcará para sempre.

Nos bastidores foi Paul Gleason quem defendeu Judd Nelson,  pois  haviam muitos atritos entre Hughes e Nelson. Este permanecia no personagem mesmo quando não estavam filmando, o que causou diversos transtornos nos bastidores quase sendo demitido por Hughes, que chegou a dizer que nunca mais trabalharia com o ator de novo. O talentoso diretor/roteirista deixou que todos improvisassem suas falas na cena em que se sentam em círculo. Hughes também filmou o roteiro em sequência cronológica de forma a fazer com que os jovens interagissem e se desenvolvessem em tempo real.  A biblioteca em que esse filme se passa foi construída no ginásio da Maine North High School especificamente para o filme. A escola fechou em 1982, dois anos antes do início das filmagens. O prédio havia sido usado para fins do distrito de parques e para o Chicago Blitz da extinta USFL (United States Football League), antes de ser comprado pela Polícia Estadual de Illinois e transformado em uma delegacia de polícia, o que acontece até hoje.

Ally Sheedy fez o primeiro teste para o papel de Samantha Baker em Gatinhas e Gatões (1984), que ficou com Molly Ringwald. Quando fez o teste, ela tinha dois olhos negros devido a um acidente no set de filmagem. Os olhos negros lhe deram uma imagem sombria e gótica, que ficou com John Hughes. Quando chegou a hora de escolher o papel de Allison, Hughes se lembrou e chamou Sheedy. Já o papel de John Bender teve os nomes de John Cusack e Nicholas Cage testados mas Hughes preferiu Emilio Estevez, na época com 23 anos, mudando de ideia depois e reescalando Estevez para o papel de Andrew, dando para Judd Nelson, de 25 anos,  o papel do aluno rebelde. Seu gesto de erguer o punho como forma de desafio, na tomada final,  foi improvisada pelo ator, e definiu não apenas o tom contestarorio do filme, mas também o espírito de toda uma geração.

No próximo artigo do Brat Pack vamos acompanhar Anthony Michael Hall a criar uma Mulher Nota 1000.

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