Por Adilson Carvalho

Uma aristocrata vive tempos turbulentos durante a Guerra Civil, uma agente russa descobre o amor na Paris pré guerra, uma jovem viaja para alem do arco íris, todas historias que entraram para a eternidade pelo estúdio da Metro Goldwyn Mayer, que fez do rugido de um leão um símbolo de qualidade impecável na produção de filmes. Hoje completamos o centenário de criação deste tradicional estúdio que hoje ressurge no streaming reinventando sua marca para uma nova geração.
A MGM foi fundada em 16 de abril de 1924, quando o empresário do ramo do entretenimento, Marcus Loew, adquiriu o controle da Metro Pictures, Goldwyn Pictures e da Louis B. Mayer Pictures. Sediada em Beverly Hills, na Califórnia, a MGM imortalizou o lema “Ars Gratia Artis“, uma frase em latim que significa “Arte pela arte“, escolhida por Howard Dietz, chefe de publicidade do estúdio em 1924. Já o logo do estúdio, um leão (Leo, o leão) rugindo envolto por um círculo com o lema do estúdio inscrito, foi criada por Dietz em 1916 para a Goldwyn Pictures e foi usada mais tarde em 1924 para representar a MGM. Dietz baseou-se no mascote símbolo da Columbia University, que tinha como animal um leão. Originalmente silencioso, o som do rugido de Leo foi adicionado aos filmes pela primeira vez em agosto de 1928. Dizia se na época que a MGM tinha mais estrelas do que no céu, uma referência ao grande número de estrelas de cinema que tinham contrato com estúdio na década de trinta. As estrelas da MGM incluiam os nomes de Greta Garbo, que travou uma luta salarial com o estúdio, Norma Shearer, Jean Harlow (A eterna Venus Platinada) Joan Crawford ( ate 1943) Clark Gable (O Rei de Hollywood), Judy Garland, Mickey Rooney e muito mais. Shearer e Garbo nunca fizeram outro filme após deixar a MGM, hoje todas lendas do olimpo cinematográfico apesar de desconhecido do público mais jovem.

No seu auge a MGM foi um dos primeiros estúdios a experimentar a fotografia em Technicolor, uma combinação de duas cores de grande importância em uma era pré-digital. A MGM também conseguiu um grande triunfo ao usar o Technicolor nos filmes O Mágico de Oz e E o Vento Levou, ambos lançados em 1939. Embora este tenha sido produzido pela Selznick International Pictures, o filme foi lançado pela MGM como parte de um acordo com o produtor David O. Selznick para conseguir que Clark Gable entrasse na produção do filme. Embora muito dos filmes produzidos entre 30 e 40 tenham se saído bem nas bilheterias, o estúdio sofreu prejuízos significativos nas décadas seguintes. A MGM produzia cerca de 50 filmes por ano. Mesmo durante a Grande depressão a MGM conseguia fazer algo que suas rivais não conseguiram: não perder dinheiro, e foi o único estúdio de Hollywood a continuar a pagar seus dividendos durante a década de trinta.
Como o público se afastou depois da guerra, a MGM encontrou dificuldade para atrair audiência. Enquanto outros estúdios diminuíram o número de musicais no período de guerra, a MGM aumentou sua produção e os lucros da MGM começaram a cai. O estúdio passou a ser dilacerado por compras e fusões que enfraqueceram seu apelo popular e dividiram seus ativos. Edgar Bronfman comprou uma participação majoritária da MGM em 1966, pouco tempo depois a Time Warner se tornou a sócia majoritária da empresa e adquiriu parte de seu acervo. Em 1969, Kirk Kerkorian comprou 40% da MGM de Bronfman e da Time, cortou pessoal e custos de produção, forçando o estúdio a encerrar suas produções cinematográficas em 1973. O estúdio continuou a distribuir filmes durante esse período usando o mesmo nome, mas voltou a fazer filmes em 1980. A MGM tentou reconstruir sua capacidade de produção em 1981 comprando a United Artists (juntamente com a lucrativa franquia de James Bond), mas isso acarretou em um aumento nas dívidas de estúdio. Grande parte do catálogo da outrora gigante MGM depois veio a ser obtido pelo empresário Ted Turner ganhando assim direito sobre todo acervo da MGM, acervo estes datados desde os anos anteriores à fundição, assim como parte dos arquivos anteriores de 1950. Após uma série de manobras empresariais na tentativa de reviver a MGM se seguiram até que em 2022 a Amazon concluiu a aquisição da MGM, um negócio de 8,5 bilhões de dólares. Desde 1º de abril a Amazon relançou a marca MGM + como uma nova plataforma de streaming. O cinemaCompoesia começa a partir desta semana a publicar uma série de matérias sobre os grandes títulos do acervo da Metro. Venha conosco reviver a era de ouro do cinema.