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Álbum do Mês: “Secos & Molhados” (1973)

Marcado por uma maquiagem inconfundível, pelo figurino extravagante e por apresentações ao vivo indubitavelmente ousadas para sua época, o grupo Secos & Molhados foi o maior fenômeno do rock brasileiro dos anos 1970. Inovador, o trio formado por Ney Matogrosso, João Ricardo e Gérson Conrad (a quarta cabeça na foto de capa é do baterista argentino Marcelo Frias, que participou da gravação do álbum, mas não quis permanecer no grupo) mesclou elementos da dança e do folclore português com a poesia de Vinicius de Moraes, Cassiano Ricardo, Oswald de Andrade e Fernando Pessoa, sem perder sua pegada Rock.
O resultado foi o consistente álbum de estréia, “Secos & Molhados”. Lançado em 1973 pelo selo Continental, o disco ultrapassou a marca de um milhão de cópias – cujas vendas foram impulsionadas por sucessos como “O Vira”, “Rosa de Hiroshima”, “O Patrão Nosso de Cada Dia”, “Sangue Latino”, “Assim Assado” e “El Rey”. Pegos de surpresa numa época de escassez de matéria-prima, os executivos da Continental determinaram que vinis de artistas que não estavam vendendo fossem recolhidos das lojas e derretidos para que mais cópias de “Secos & Molhados” pudessem ser produzidas.
A despeito de tanto sucesso, desentendimentos internos levaram à dissolução da formação original do grupo no ano seguinte. A Continental chegou a lançar “Secos & Molhados II” (1974), porém sem o mesmo sucesso de seu antecessor. Ney Matogrosso iniciou uma bem-sucedida carreira solo, enquanto o restante do grupo gravou alguns discos sem seu crooner original – mas ficou só nisso. Hoje considerado um clássico brazuca, o álbum “Secos & Molhados” mantém-se como um legado dos bons tempos em que a indústria fonográfica podia investir, sem medo, em genuínos talentos da nossa música.
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