Por Adilson Carvalho

Visitar os parques temáticos da Florida é um sonho de muitos. Foi nessa linha que o roteirista Cadu Pereiva explorou para contar a história de uma família simplória do interior do Nordeste que embarca para os Estados Unidos depois de enganados pelo prefeito local. Com humor baseado no contraste entre o regionalismo preto e branco e colorido estadunidense, o filme Partiu América (2024) estreou timidamente na Netflix em 14 de maio e se tornou o primeiro colocado na plataforma. A simpática família é formada por Matheus, interpretado pelo humorista Matheus Ceará (A Praça é Nossa), Maria Caranguejo (Priscila Fantin) e seus filhos o gênio Mirim Stevenspilb (Gabriel Palhares) e a aspirante a YouTube Florida (Luara Fonseca). O humor consegue tecer uma crítica à glamourização dos Estados Unidos como Terra dos sonhos, e com stutileza também toca na cultura armamentista americana. O contraste cultural cria bons momentos em cena como a familia Matheus lidando com a inteligência artificial Alexia, a quem Matheus chama de Alexandra depois que Maria (Fantin, a estrela da novela Alma Gêmea) repreende os filhos que não deveriam tratar estranhos com intimidade. A sequência do aeroporto é outra bem divertida, bem como o olhar crítico da entrada ilegal pela fronteira, caminho perigoso que muitos fazem acreditando que é a estrada de tijolos amarelos. Outro momento divertido são os passeios da família no parque americano, filmado em locação no Busch Gardens Tampa na Flórida. A corrupção no Brasil não passa desapercebida na história e atrai a atenção para o “jeitinho” brasileiro de levar o progresso ao custo da falência dos valores morais. No final, apesar do clichê, o que se vê é a máxima que já foi dita em O Mágico de Oz, que não há lugar melhor que o lar.