Por Adilson Carvalho

Os prêmios de Cannes são extremamente influentes na indústria cinematográfica. A principal honraria, a Palma de Ouro, confere prestígio e um selo de aprovação, e este ano do júri da Competição, liderado por Greta Gerwig (Barbie) espera que os votantes do prêmio levam a sério. Os vencedores da Palma de Ouro de outras edições do festival como Parasita, Triângulo da Tristeza e Anatomia de uma Queda concorreram ao Oscar de Melhor Filme e ganharam importância na indústria. E todos eles foram escolhidos pela distribuidora especializada Neon antes de ganharem o prêmio em Cannes. A Neon não interrompeu sua sequência. Ela adquiriu dois eventuais vencedores de prêmios antes da cerimônia de encerramento: O vencedor da Palma de Ouro deste ano foi Anora, de Sean Baker, o primeiro filme americano a ganhar o prêmio desde A Árvore da Vida, de Terence Malick, em 2011, e A Semente da Figueira Sagrada (The Seed of the Sacred Fig), do cineasta dissidente iraniano Mohammad Rasoulof, que levou para casa um prêmio especial. O filme de Baker é um romance divertido entre um profissional do sexo (o estreante Mikey Madison) e o filho de um oligarca russo (Mark Eydelshteyn) parece ter agradado à crítica. Na coletiva de imprensa do júri, Gerwig disse “Fomos convidados a participar de uma jornada; a escolha foi feita com o coração”. Muita surpresa se seguiu à repercussão do filme de Mohammad Rasoulof, dada a sentença de oito anos de prisão da qual o cineasta do Irã fugiu, quando escapou para Cannes. Outro sucesso de crítica, o retrato contemporâneo do diretor indiano Payal Kapadia de três mulheres de Mumbai, All We Imagine as Light, levou para casa o segundo colocado, o Grand Prix. Em uma votação surpreendente para Melhor Atriz, o júri premiou o conjunto de mulheres de Emilia Pérez, As americanas Zoe Saldaña e Selena Gomez, a espanhola Karla Sofía Gascón e a mexicana Adriana Paz. “Mulheres juntas – isso é algo que queríamos homenagear quando criamos esse prêmio”, disse Gerwig. “Cada uma delas é um destaque, mas juntas são transcendentes.”