CLÁSSICO REVISITADO | RUAS DE FOGO

Por Adilson Carvalho

Nos anos 80 Walter Hill foi um talentoso diretor, responsável por ter lançado Eddie Murphy em 48 Horas (1982). Dois anos depois criou uma fábula rock resgatando a estética dos anos 60, época das gangues de rua, dos blusões de couro e dos carros sem capota. O título do filme Ruas de Fogo (Streets of Fire) veio de uma música de Bruce Springsteen, embora o icônico músico de voz rouca e forte não participe da trilha sonora. A tênue amarração de clichês é liderada pelo hoje desconhecido Michael Paré com um visual que lembra o visual dos anos rebeldes de Elvis Presley. Na história, Ellen Aim é uma estrela de rock, interpretada pela beldade Diane Lane, a Martha Kent de Superman / Batman : A Origem da Justiça (2016), é raptada pelo cruel Raven, interpretado pelo excelente Willem Dafoe (Pobres Criaturas). Billy Fish (Rick Moranis), empresário de Ellen, decide unir forças com o mercenário Tom Cody (Paré), o ex-namorado da moça, para resgatá-la dos sequestradores. Tom, Billy e a ex-soldado McCoy (Amy Madigan) partem em busca da cantora pelas ruas chuvosas e becos escuros da cidade. No caminho, o trio precisa lidar com fãs de Ellen, gangues e policiais.

A intenção de Hill era que esse fosse o primeiro de uma trilogia de filmes de ação estrelados por Michael Paré como Tom Cody. No entanto, seu fracasso nas bilheterias pôs fim ao projeto. Apesar disso, Paré e Deborah Van Valkenburgh reprisaram seus papéis como Cody e Reva em Estrada Para o Inferno (Road to Hell) de 2008, sequência não oficial de Ruas de Fogo. De acordo com Walter Hill, a vontade de fazer o filme surgiu do desejo de fazer o que ele achava que era um filme perfeito quando era adolescente e colocou todas as coisas que ele achava que eram “ótimas na época e pelas quais ainda tenho grande afeição: carros personalizados, beijos na chuva, neon, trens na noite, perseguição em alta velocidade, estrelas do rock, motocicletas, piadas em situações difíceis, jaquetas de couro e questões de honra“. Michael Paré era uma jovem estrela na época, tendo tido um papel menor na série Super Herói Americano (1982) mas sua carreira não decolou. Já Diane Lane veio de uma série de papeis sob a batuta de Francis Ford Coppola (Vidas sem Rumo, O Selvagem da Motocicleta), ambos explodindo de beleza e jovialidade. Mas além das presenças marcantes de Dafoe e Moranis, o roteiro ainda permite que Amy Madigan brilhe como McCoy, assistente de Tom Cody.

Michael Paré teve problemas com Rick Moranis, e na época disse: “Rick Moranis deixou-me louco. Há toda esta onda de comédia de insultos. No mundo real, se alguém nos insulta um par de vezes, podemos bater-lhe. Ou dar-lhe um murro. Não se pode fazer isso num cenário de cinema. E estes comediantes andam por aí e podem dizer o que quiserem. Eu não tenho muito jeito para isso. Os comediantes são uma raça especial. Podem antagonizar-nos e dizer o que quiserem, e não podemos fazer nada para os impedir” O filme funciona bem como uma pérola B, movimentada ao som da excelente de I Can Dream About You de Dan Hartman.

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