Por Adilson Carvalho

Os fãs do gênero slasher podem comemorar a chegada de Maxxine, terceiro episódio da franquia escrita e dirigida por Ti West, e todas estreladas por Mia Goth, atriz inglesa neta da atriz brasileira Maria Gladys. West foi bem sucedido em criar personagens que se conectaram com o público e se mostrou competente em tecer uma narrativa, que se por um lado nada inovou, ao menos soube explorar os lugares comuns para produzir um efeito melhor do que o susto fácil.

Lançado em 2022, X – A Marca da Morte (X) nos leva ao ano de 1979, quando a aspirante a atriz pornográfica Maxine Minx (Goth) embarca em uma viagem pela zona rural do Texas com seu namorado e produtor Wayne (Martin Henderson), os atores Bobby-Lynne (Brittany Snow) e Jackson Hole (Scott Mescudi), o diretor RJ (Owen Campbell) e sua namorada, Lorraine (Jenny Ortega), para filmar um filme adulto no crescente mercado de pornografia teatral, mas quando os seus anfitriões reclusos e idosos os apanham em flagrante, o grupo vê-se obrigado a lutar pelas suas próprias vidas, e precisam enfrentar a psicótica Pearl (Goth, também). As referências a O Massacre da Serra Elétrica (1974) e Psicose (1960) são óbvias com claras alusões a filmes como Hardcore (1979) e Boogie Nights (1997). Foram necessárias até seis horas para colocar a maquiagem completa para que Mia Goth encarnasse Pearl, quatro vezes mais velha que a sua outra personagem Maxine, e incluindo trinta peças protéticas individuais.

O título do filme refere-se à classificação X usada pela MPAA de 1968 a 1990, que indicava que um filme era adequado apenas para um público com 16 anos ou mais, como foi com Laranja Mecânica (1971), O Gato Fritz (1972), Último Tango em Paris (1972), e Perdidos na Noite (1969). Nos anos 70, o setor pornográfico acabaria explorando a falta de marca registrada da classificação X lançando filmes pornôs nos cinemas com essa mesma classificação. Por fim, o X passou a ser mais associado à pornografia, e cada vez mais cinemas começaram a se recusar a exibir filmes com classificação X, forçando filmes não pornográficos a serem censurados para receber a classificação R. Em 1990, a MPAA descontinuou a classificação X e a substituiu pela NC-17. Ao contrário da X, a NC-17 era uma marca registrada e não podia ser autoaplicada, mas ainda assim significava que a maioria dos cinemas não exibiria filmes com essa classificação, resultando em censura mais uma vez.

Ao final das filmagens na Nova Zelândia (se passando pelo Texas), com todo o cenário pronto Ti West investiu um uma prequela para o segundo filme, mergulhando no passado de Pearl, uma jovem presa em uma fazenda isolada e cheia de sonhos de alcançar o estrelato. Pearl deve cuidar de seu pai doente (Mathew Sunderland) sob a vigilância de sua mãe (Tandi Wright). Desejando a vida glamourosa que ela viu nos filmes, as tentações e repressões de Pearl colidem, levando-a à loucura. No filme há uma pequena participação de David Corenswet, o novo Superman do cinema, como o projecionista que se envolve com Pearl. Mia Goth colaborou com o roteiro, afastando-o das referências que X carregava, e aproximando-o de uma drama familiar, embebido no peso da desilusão para uma mente desiquilibrada. Embora em seu terço final, o filme se entregue ao banho de sangue, o filme abre um espaço para que Mia Goth trabalhe sua distorção moral misturada a sonhos que não se concretizam como ela deseja. Ti West sugeriu que Mia Goth assistisse a O Que Aconteceu com Baby Jane? (1962) e O Mágico de Oz (1939) para compor a versão jovem de Pearl. Filmado praticamente simultaneamente a X: A Marca da Morte (2022). Pearl mostra o início da vida da personagem-título em 1918, décadas antes dos eventos de X.

A história de Maxxine ocorre entre 1984 e 1985, com a personagem título em busca de construir sua jornada como atriz de cinema em Hollywood depois de sair do mundo pornográfico. Em meio a vários testes, ela consegue um papel em um terror de baixo orçamento, ao mesmo tempo que vira alvo de detetives que investigam um serial killer que persegue celebridades do cinema americano. Se as bilheterias corresponderem, não tenha dúvida que um quarto filme pode se tornar real.