POLTRONA 6 | DESEPERO PROFUNDO

Por Adilson Carvalho

Hollywood adora reciclar ideais e no caso de Desespero Profundo é bem obvio que beberam da fonte de Aeroporto 1977. A história de um grupo de passageiros de um avião que cai em mar aberto foi o terceiro filme da franquia Aeroporto dirigido por Jerry Jameson na onda dos filmes catástrofes que proliferavam na época. Já Desespero Profundo, dirigido pelo suiço Claudio Fah mistura na fórmula o ataque de tubarões que invadem o avião pelo rombo na fuselagem para devorar os sobreviventes. Essa mistura pretende disfarçar as obviedades do roteiro, mas o efeito não é funcional. Depois que o avião cai no oceano, a única linha narrativa que sobra é quem vai viver e quem vai morrer até o final. Os dramas pessoais dos passageiros são rasos e não rendem nenhum impacto no decorrer da história. O elenco reúne Sophie McIntosh (egressa de series de Tv como Admirável Mundo Novo), Will Attenborough (Neto do diretor Richard Attenborough, o John Hammond de Jurassic Park), além dos desconhecidos Jeremiah Amoore e Manuel Pacific. O nome mais conhecido do elenco é Colm Meaney, o Chefe O’Brian de Star Trek Deep Space Nine (1990/1997) depois que Kelsey Grammer (Frasier, Mercenários 3) caiu fora do projeto. Os diálogos não poderiam ser mais clichês como os dois mergulhadores enviados pelo resgate para localizar o avião à beira de um abismo, que viram comida de tubarão tão logo é ouvido o comentário de que “são profissionais“. Bom esquecer qualquer verossimilhança para tratar a forma como os sobreviventes vão chegar à superfície e escapar antes que a bolha de ar que os mantem temporariamente a salvo se rompa e sejam mortos pelos tubarões ou pela própria profundidade em que se encontram. A personagem da atriz britânica Phyllis Logan me lembrou bastante a personagem de Shelley Winters no clássico O Destino do Poseidon (1972), mas isso não colabora para o roteiro e não melhora o que fazer com 1 hora e meia que não guarda praticamente nenhum momento capaz de destacar o filme de vários similares. Mesmo sem os recursos digitais de hoje, fico com Aeroporto 77, embora nenhum primor, mas que soube mostrar operações de resgate reais na época, conforme indicado no final do filme antes dos créditos finais. Desespero Profundo ignora os efeitos da pressão no final e aposta no espetáculo fantasioso sem base. Disponível na Prime Video.

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