CLÁSSICO REVISITADO | O REI LEÃO

Por Adilson Carvalho

Este ano marca o 30º aniversário de O Rei Leão, da Disney, que coincide com o lançamento da prequela de Barry Jenkins, Mufasa: O Rei Leão, prevista para 20 de dezembro. O blockbuster 2D e fenômeno da cultura pop, dirigido por Roger Allers e Rob Minkoff, foi um dos primeiros pioneiros digitais. Isso foi fundamental para a introdução de uma estética de ação ao vivo com movimentos dinâmicos de câmera e iluminação dramática em sua história de aventura. “Por um bom tempo, achamos que seria um fracasso“, disse o produtor Don Hahn em entrevista em 2011. “Eu não conseguia fazer com que os animadores trabalhassem nele. Eles queriam trabalhar em ‘Pocahontas’ e em alguns dos outros filmes que estavam sendo produzidos. Isso fazia sentido porque estávamos fazendo filmes do tipo musical da Broadway, e esse era o próximo filme de Alan Menken. Então, eles naturalmente pensaram que seria nosso próximo sucesso. Mas eles queriam fazer um encontro entre Joseph e Hamlet na África, com música de Elton John, e isso simplesmente não foi bem aceito pelos animadores.”

A animação Rei Leão, de 1994 foi um triunfo comercial e artístico da Disney. História envolvente e emotiva embalada pelas belíssimas composições de Elton John compostas por Tim Rice e Elton John como a balada Can you feel the love tonight? ou a fabulosa Circle Of Life. Na época de seu lançamento a animação causou um grande impacto com sua história de tons shakespearianos, a primeira original do estúdio e seu 32º longa, ganhando os Oscars de melhor trilha sonora, de Hans Zimmer e melhor canção original, para Can you feel the love tonight?. Nada ficou no caminho de sucesso de O Rei Leão na época, mesmo quando surgiram acusações de que a Disney havia copiado Kimba – o Leão Branco, clássico anime criado por Osamu Tezuka. Foram 3 anos de trabalho e dedicação dos roteiristas Irene Mecchi, Jonathan Roberts e Linda Woolverton e dos animadores da Disney resultando em impressionante representação da África conseguida depois que a equipe viajou ao Parque Nacional do Quênia para estudar o cenário e o comportamento dos animais.

Foi um longo processo de mudança que incluiu tentativas de rodar em tom documental e depois de fazê-lo um musical na tradição de outras animações do estúdio. A chegada de Rob Minkoff e Don Hahn na produção delineou o foco da história inicialmente intitulada “King of The Jungle”, e modificado, uma vez que o desenrolar da história era nas savanas africanas, e não exatamente na selva. A história ganhou retoques bíblicos com a inspiração na figura de Moisés e o acréscimo de cenas para as hienas, e a dupla Timão e Pumba, estes coadjuvantes de luxo que roubam a cena com humor contagiante diluindo o peso dramático sem fazer perder o impacto da narrativa. O projeto foi uma aposta arriscada para um estúdio acostumado com histórias de princesas e reinos mágicos como os bem sucedidos Aladim (1992) e A Bela & A Fera (1991), e por isso acreditava-se e investia-se mais na adaptação de Pocahontas, desenvolvido em paralelo, mas com resultado inesperado nas bilheterias. Enquanto a lendária índia norte-americana faturou em torno de US$ 141 milhões nas bilheterias, a história de Simba alcançou US$ 312 milhões só nos Estados Unidos, tornando-se então a animação de maior bilheteria até 2003 quando estreou “Procurando Nemo”.

No elenco de vozes, feito no Brasil no estúdio Delarte, tivemos Mathew Broderick / Garcia Junior (Simba), Moira Kelly / Carla Pompilla (Nala), James Earl Jones / Paulo Flores (Mufasa), Jeremy Irons / Jorgeh Ramos (Scar), Robert Guilhaume / Pietro Mário (Rafiki), Nathan Lane / Pedro Lopes (Timão), Ernie Sabella / Mauro Ramos (Pumba), Rowan Atikinson / Paduá Moreira (Zazu), Whoopi Goldberg / Carmen Sheila (Shenzi), Cheech Martin / Hercules Franco (Banzai) e Madge Sinclair / Maria Helena Pader (Sarabi). Curiosamente James Earl Jones e Madge Sinclair fizeram os pais de Eddie Murphy no clássico Um Príncipe em Nova York (1988). Uma animação inesquecível, Rei Leão (1994) completa 30 anos com o vigor e o frescor de uma trama que emociona gerações e ainda nos compele a sair cantando por ai Hakuna Matata.

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