Por Adilson Carvalho
Com o sucesso de Twisters nas telas vamos lembrar de outros títulos que fazem do gênero um dos mais populares, frequentemente reunindo um elenco em luta pela sobrevivência contra as forças da natureza. Fiquem ligados que o streaming traz vários deles :

TITANIC (DISNEY +) Apesar de qualquer conhecedor de filmes de catástrofe ter de tirar o chapéu aos trabalhos de Roland Emmerich e aos pioneiros dos anos 70 que produziram filmes como Destino do Poseidon/Terremoto/Aeroporto, no final, acho que temos de dar a mão à palmatória a James Cameron por um tratamento supremamente supercarregado do conceito. Se olharmos para além de todas as tretas de portas flutuantes, danças irlandesas e Billy Zane a brandir uma pistola, o que é notável em Titanic – especialmente para um êxito de bilheteira de 200 milhões de dólares – é o quão plausível fez as coisas parecerem. A maior parte dos realizadores com acesso a um grande orçamento de efeitos especiais exagera imenso, para usar uma expressão, e transforma o seu filme num desenho animado (não que haja algo de errado nisso), mas Cameron – surpreendentemente, manteve o Titanic numa velocidade baixa durante o que parece ser uma eternidade, salientando de forma brilhante o facto de o navio ter demorado mais de duas horas a afundar-se. Embora, claro, tenhamos o fogo de artifício de efeitos especiais no final, Titanic é realmente um filme-catástrofe incremental, que nos fala da atualidade de acontecimentos reais que, segundo Emmerich, apesar de todas as virtudes dos seus filmes, nunca teria perdido tempo.

TWISTER (GLOBOPLAY). É possível sentir as forças gémeas que são Steven Spielberg e Jan De Bont produzindo o excitante êxito de bilheteira sobre caçadores de tempestades que se atiram para a frente de tornados. Spielberg estava destinado a realizar o filme antes de o entregar ao realizador de Velocidade Máxima, De Bont, que estava a recuar de uma tentativa falhada de fazer um filme do Godzilla. Com Twister, De Bont fez essencialmente o seu filme de Godzilla, substituindo o kaiju atómico por ventos destruidores que ultrapassam a escala Fujita, misturando ao mesmo tempo a sensação de maravilha de Spielberg com a adrenalina simples e implacável que deu ao seu thriller de bomba num autocarro. Twister – com as suas vacas voadoras, a bem-vinda dependência de efeitos práticos e uma deliciosa participação do falecido e grande Philip Seymour Hoffman, que mastigava tanto o cenário como os tornados CGI de última geração – deu início a um renascimento dos filmes de catástrofe no final dos anos 90, o filme também se aproveita do apelo do género. Lembrem-se do momento em que Helen Hunt aparece hipnotizada pelo tornado que se aproxima sorrateiramente de um drive-in, impressionada com a beleza imponente daquela coisa que ela teme. Ela é nós e esse momento é o que todos os filmes de catástrofe deveriam aspirar.

NÃO OLHE PARA CIMA (Netflix). Aqui está um filme que não romantiza o fim dos tempos, que mantém a realidade sobre como os eventos realmente reagiriam em nossa era de pânico, polarizada e pós-verdade: O governo desiludir-nos-ia, o ricaço ganharia dinheiro, os meios de comunicação social errariam a história – e tudo isto enquanto os cientistas que viram o meteoro a chegar com tempo de sobra são levados à loucura por esta civilização profundamente insensata. (Spoiler: As personagens de Tyler Perry e de Cate Blanchett, apresentadores de televisão, não se safam, o que é uma pena, dada a sua química que deu início ao mundo). O verdadeiro toque do filme provém do elenco liderado por Leo DiCaprio e Jennifer Lawrence, da música fantástica de Nicholas Britell, e da escrita e realização de Adam McKay – cuja tendência para exagerar o óbvio é aqui tonalmente apropriada. Tal como os Simpsons têm o mérito de ver o futuro, não se surpreenda se for a previsão feita aqui que resiste ao teste do tempo. Bem, pelo menos até o tempo acabar.

MAR EM FÚRIA (Max). A adaptação de Wolfgang Petersen, em 2000, do livro de não-ficção de Sebastian Junger, combina de forma aterradora dois clichês do gênero: ficar preso num navio que afunda no Atlântico Norte gelado e ondas gigantes. Nesta representação da Tempestade Perfeita de 1991: uma onda gigante de cerca de 30 metros durante a tempestade norueguesa que suplantou todas as demais. Há outras razões para apreciar esta história de um navio malfadado de Gloucester, Massachusetts: George Clooney a fazer o seu melhor papel de homem comum da Nova Inglaterra, Mark Wahlberg a dar um sabor diferente à classe trabalhadora de Massachusetts, Mary Elizabeth Mastrantonio como a capitã de outro barco de pesca. Mas este filme é sobretudo apreciado como um capítulo terrivelmente trágico, inimaginavelmente frio e, na maior parte das vezes, verdadeiro, da velha história do homem contra o mar.

DESESPERO PROFUNDO (Prime Video). A premissa de uma avião preso no fundo do mar já foi usada no clássico Aeroporto 77, mas agora imagine estar cercado de tubarões prestes a te devorar. Após a queda de um avião, um grupo de sobreviventes se encontra presos debaixo d’água, em uma bolha de ar temporária que lhes garante algumas horas para tentar achar uma forma de nadar até a superfície antes que o avião caia em um abismo. A fuga complica quando tubarões começam a circular pelos destroços, e a equipe de resgate não consegue chegar até eles.