Por Adilson Carvalho

Raros são os casos em que um segundo filme consegue ser melhor que o primeiro, e certamente Homem Aranha 2 faz parte dessa seleta lista. Sam Raimi (Dr. Estranho no Mulitiverso da Loucura), que também dirigiu o primeiro, soube equilibrar todos os elementos dos quadrinhos respeitando os aficcionados do gênero e criando um espetáculo atraente para o público em geral. O diretor prosseguiu na continuação lançada em julho de 2004, que o saudoso Rubens Ewald Filho considerava como a melhor da trilogia original. Tendo já estabelecido a origem do herói (com a diferença que a teia orgânica havia sido criada para a reinvenção do personagem em 2001 em um universo paralelo chamado de “Universo Ultimate”), apresentado os coadjuvantes, suas motivações e dilemas, Raimi trouxe para Homem Aranha 2 um vilão memorável na figura do Dr. Octopus (Alfred Molina, em papel para o qual Robert DeNiro esteve cotado), surgido nos quadrinhos em Julho de 1963, antes mesmo do Duende Verde. O filme já começa em alto estilo com os créditos surgindo em meio a um flashback todo desenhado, como em uma história em quadrinhos, pelo conceituado artista Alex Ross Novamente, Raimi trouxe à luz cenas que parecem decalcadas diretas do gibi como a cena do uniforme jogado na lixeira debaixo de chuva (The Amazing Spider Man #50 de Julho de 1967), e a impressionante luta entre o Aranha e o Dr. Octopus no trem suspenso, que termina com o herói desmascarado em público. A luta de trem entre Doc Ock e o Homem-Aranha foi ideia do diretor Sam Raimi e a primeira grande sequência a ser filmada, e que lembra uma luta parecida publicada em Amazing Spider Man #12 de Maio de 1964. Alfred Molina, que interpreta o Dr. Octopus, batizou seus quatro tentáculos mecânicos (Larry, Harry, Flo e Moe). Flo era o tentáculo superior direito, porque era operado por um cabo feminino e esse tentáculo em particular era o mais maternal, que removia seus óculos escuros e lhe dava goles de sua bebida. Larry e Moe remetem a dois dos três patetas. Originalmente, Willem Dafoe não deveria ter retornado para esse filme, mas ele estava voltando para seu apartamento uma noite e viu o elenco e a equipe filmando nas proximidades. Ele parou no set para cumprimentá-los e os cineastas decidiram fazer uma participação especial para ele. Assim, em uma cena Harry Osborn (James Franco) conversa com o espírito de seu pai, refletido em um espelho. O clímax, alcançado no final do segundo filme, trazia a revelação da identidade secreta do herói para Mary Jane e Harry Osborn plantando as sementes para um terceiro filme, confirmado depois de uma bilheteria milionária. Contudo, após o sucesso comercial e artístico alcançado pelos primeiros filmes da franquia, Raimi perdeu o controle criativo de Homem Aranha 3 para os executivos da Sony. mas isso já é outra história.