Por Adilson Carvalho

Depois da recepção morna para O Lobisomem (2010), Hollywood volta a tratar o tema em The Beast Within (Sem título em Português), estrelado por Kit Harrington, o Jon Snow de Game of Thrones. No filme, Noah (Harrington) se transforma durante a calada da noite, mas o diretor e co-roteirista Andrew J. Farrell usa seu filme gótico leve para traçar uma metáfora sobre a monstruosidade interior. Noah se transforma em um lobisomem ou está realmente se transformando em seu verdadeiro eu? Uma antiga maldição ancestral pode ser a razão de sua situação licantrópica, mas será que ele sempre foi uma espécie de fera? A transmogrificação é realmente a causa das dificuldades domésticas de sua família ou é apenas uma externalização do próprio comportamento bruto de Noah? É comum que lobisomens na tela sejam usados como símbolos; essa prática pode ser datada dos filmes de monstros estrelados por Lon Chaney que a Universal Pictures fez nos anos 30 e 40. Mas The Beast Within não tem muito a oferecer, exceto a alegoria da violência doméstica em seu centro, de modo que Farrell enfatiza, destaca e sublinha repetidamente essa alegoria em vermelho, para o caso de alguém não ter certeza do que o filme realmente trata. Os lobisomens podem ser o gancho sobrenatural do filme, mas The Beast Within demonstra pouco interesse no sobrenatural além de seu uso como um dispositivo de roteiro. Ainda no filme, Willow (Caoillinn Springall), de 10 anos de idade, que vive isolada na propriedade de sua família na região selvagem da Inglaterra, tem uma doença respiratória que exige o uso frequente de um tanque de oxigênio e, por isso, passa a maior parte do tempo dentro de casa ou perto da mãe Imogen (Ashleigh Cummings) e do avô Waylon (James Cosmo). Grande parte do filme mostra Willow ouvindo as conversas tensas entre os adultos abatidos de sua vida por trás de portas fechadas ou nas sombras.