Por Adilson Carvalho

Confesso que nunca fui fã do Deadpool desde seu surgimento nas hqs em fevereiro de 1991 por Rob Leifield e Fabian Nicieza como personagem secundário nas páginas de The New Mutants # 98. O terceiro filme do mercenário tagarela parecia, no entanto, interessante ao abordar uma interligação com o multiverso Marvel tendo como a cereja do bolo a volta de Hugh Jackman como Wolverine. Apesar de alguns acertos o filme definitivamente não oferece nada de diferente dos dois filmes anteriores (2016 e 2018). Para os fãs de quadrinhos quando Wade (Ryan Reynolds) sai em busca de Wolverine dimensão após dimensão, ele acaba conhecendo diversas variantes de Wolverine como Logan crucificado retirado das páginas do arco Massacre de Mutantes em The Uncanny X-Men # 251, (1989), a versão Arma X surgida na saga A Era de Apocalipse (1995/1996) ou Wolverine Caolho (1988). O filme segue bem quando se entrega ao fã service, trazendo de volta figuras icônicas como Tocha Humana (Chris Evans), X23 (Dafne Keen), Blade (Wesley Snipes), Elektra (Jennifer Garner) e até satisfazendo um velho sonho dos fãs, que era trazer Channing Tatum como Gambit.
O que me incomodou foi que a história não estava lá. Apesar do carisma inegável de Reynolds e Jackman formando um buddy movie, o exagero das piadas não ajuda a desenvolver um plot capaz de fazer qualquer diferencial em um gênero que já mostrou muito e que tem sinais de desgaste. Deadpool se auto-denomina o Jesus da Marvel, e isso ocorre dentro e fora da história já que o primeiro filme do personagem agora nas mãos da Disney, também é seu único lançamento nas telas para esse ano. Acompanhando o filme, o diretor Shawn Levy entrega tudo que os fãs querem, mas até aí fica no lugar comum e não faz de Deadpool & Wolverine um produto melhor do que poderia ter sido. Emma Corrin está bem como a vilâ Cassandra Nova, mas não rendeu o que poderia, e o visual meio Mad Max não contribuiu para nada. Se valeu, valeu pela nostalgia, valeu por finalmente ter Hugh Jackman vestindo o uniforme dos quadrinhos, mas o gênero vai precisar de bem mais do que piadas para se reinventar, seja a Marvel ou a DC .
