NEM MARVEL NEM DC | DARKMAN – VINGANÇA SEM ROSTO

Nem só de Marvel e DC vive o universo de super heróis. Com a chegada do remake de O Corvo vamos rever alguns filmes com justiceiros poderosos e originais, e para começar um herói que não vem de uma editora mas da mente criativa do diretor Sam Raimi.

Por Adilson Carvalho

No início dos anos 90 Sam Raimi era famoso por “Evil Dead – Uma Noite Alucinante” e tentava sem sucesso adquirir os direitos de adaptação do “Sombra” e do “Batman“. Sendo fã de hqs, Raimi decidiu criar seu próprio herói, e conseguiu fazer um dos melhores filmes do gênero com um personagem completamente novo, não saído das páginas de qualquer hq, mas embebida de referências e influências. Lembremos então de “Darkman – Vingança Sem Rosto“.

Na história, Peyton Westlake (Liam Neeson) é um brilhante cientista que descobre uma forma de produzir pele humana artificialmente. Atacado por criminosos em busca de um relatório comprometedor para o empresário Louis Strack Jr (Colin Friels) , ele é desfigurado em uma explosão e recebe um tratamento experimental que o salva. Após uma cirurgia que secciona seus nervos, bloqueando qualquer sensação dolorosa e privando-o do tato, seu organismo vem a liberar uma enorme descarga de adrenalina em seu sangue, o que o deixa descontrolado, além de lhe conceder resistência sobre-humana e uma força física equivalente à de dez homens. Assim, arquiteta sua vingança graças a uma pele sintética que inventou, e que o permite simular aparência humana além de assumir a identidade de qualquer um através de máscaras que duram 99 minutos antes de se desfazer sob a luz. O maior adversário do anti-herói é Robert Durant (Larry Drake), homem forte de Strack.

Sam Raimi (à direita) orienta Liam Neeson

Foi o primeiro papel de protagonista para Liam Neeson, que nos anos seguintes viria a solidificar uma carreira prolífica em filmes como “A Lista de Schindler” (1993), “Star Wars A Ameaça Fantasma” (1999) e “Batman Begins” (2006). Posteriormente, Neeson se destacaria ainda em filmes de ação como a trilogia “Busca Implacável” (2008, 2012, 2014), “Desconhecido” (2008) entre outros. Sua escolha para o papel de “Darkman” foi concorrida com Bill Paxton (que ficou um longo tempo sem falar com Neeson por ter sido preterido) e Gary Oldman. A história escrita pelo próprio Raimi foi sucessivamente reescrita graças à insatisfação dos executivo da Universal. Além de Chuck Pfarrer, os irmãos Daniel e Joshua Goldin, o roteiro teve contribuição de Ivan Raimi, irmão de Sam, que é médico cirurgião e forneceu o apuro científico necessário para as questões médicas envolvendo a transformação física de Peyton. O resultado foi um movimentado filme de ação que presta bela homenagem aos clássicos filmes de monstro da Universal. O laboratório de Peyton remete ao de Frankenstein, o rosto transfigurado e coberto de bandagens lembra “O Homem Invisível“. A relação de Peyton (Neeson) com sua amada Julie (Frances MdDormand, de “Nomadland“) traz elementos desde “O Fantasma da Ópera” até “O Corcunda de Notre Dame“.

Liam Neeson e France McDormand

O elenco do filme ainda teve uma participação menor de John Landis, o diretor de “Um Lobisomem Americano em Londres” e “Um Príncipe em Nova York” como um físico e Ted Raimi, outro irmão de Sam, além de Bruce Campbell, o Ash de “Evil Dead” como o último disfarce de Darkman. As primeiras exibições testes não foram bem sucedidas, mas apesar dos constantes conflitos de bastidores, Raimi admitiu que a campanha de marketing do filme salvou a produção. Vários cartazes com a silhueta do herói foram espalhadas por vários lugares com a frase “Quem é Darkman?”, instigando a curiosidade do público. O sucesso do filme levou a duas continuação filmadas juntas, mas lançadas diretamente em vídeo “Darkman II – O Retorno de Durant” (1995) e “Darkman III – Enfrentando a Morte” (1996). Liam Neeson, contudo, não voltou ao papel, sendo substituído por Arnold Vosloo (A Múmia / G.I.Joe). Somente Larry Drake voltou para o segundo filme. A vontade da Universal de retomar Darkman pode trazer para uma nova geração uma divertida e envolvente franquia de ação, e que nesse momento em que filmes de super-herói estão tão populares, seja talvez o momento perfeito para a volta de Darkman.

Avaliação: 4 de 5.

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