Por Paulo Telles

Esta história está muito distante de ser uma fita, mas sim um fato, e talvez um dos fatos mais deprimentes que se tem conhecimento a respeito dos artistas da Sétima Arte. É sobre um ator francês que angariou popularidade nos anos de 1930 em seu país. Seu nome era Robert Le Vigan (1900-1972). Nascido em 1900, seu filme mais famoso é Golghota, do cineasta Julien Duvivier (1896-1967) produzido em 1935. A obra é uma versão da Paixão de Cristo, tendo Le Vigan como Jesus, que se distanciou ao máximo da linha do Cristo apostólico romano. O filme foi imensamente elogiado no mundo todo, inclusive a interpretação de Le Vigan, o que fez com que recebesse várias propostas de produtores e diretores franceses para atuar em outros trabalhos.

Entretanto, quando a França foi invadida pelos alemães durante a II Guerra, tornou-se um membro radical do partido populista francês, um direitista partido pró-fascista , e não escondeu seu apoio ao anti-semitismo, além de colaborar com as autoridades nazistas. Em 1944, abandonou o trabalho quando os aliados desembarcaram na Sicília, e quando voltou a Paris ele teve que fugir novamente, desta vez para Alemanha. Foi preso em 1945 quando tentava atravessar a fronteira com a Suíça, e enviado de volta a França, onde submeteu-se a um julgamento em 1946. Foi condenado a dez anos de trabalhos forçados. Também perdeu seus direitos civis como cidadão francês, e todos os seus bens foram confiscados.
Depois de três anos em um campo de trabalhos forçados, Robert Le Vigan foi posto em liberdade condicional, indo morar na Espanha, e depois na Argentina, onde viveu na pobreza (e louco!) até o fim de seus dias, em 1972.
Um caso em nossos registros, afinal Isto é fato… Não fita!
Paulo Telles é crítico de cinema, escritor e radialista (DRT 21959-RJ) além de colunista e redator do blog Cine Retro Boavista.
https://cineretroboavista.blogspot.com/
“Isto é Fato… Não Fita! “ Era um quadro do extinto programa Cine Vintage, pela Web Rádio Vintage.