Por Adilson Carvalho

A vingança é um mote rico para a literatura impulsionando histórias onde a vendetta movimenta ações e alimenta tramas com as quais nos identificamos. Nas hqs não é diferente e entre as obras que exploram essa narrativa temos O Corvo do americano James O’Barr. Artista gráfico e escritor, hoje com 64 anos, O’Barr sofreu uma terrível perda quando sua noiva foi morta por um motorista bêbado. Enquanto morava em Berlim, em 1981, O’Barr começou a trabalhar em sua história em quadrinhos, O Corvo (The Crow), como forma de lidar com sua tragédia pessoal. Na época leu um relato de um jornal de Detroit sobre o assassinato de um jovem casal por causa de um anel de noivado de US$ 20. Assim o autor se inspirou para criar a história de Eric, e sua noiva, Shelly, que são assassinados por uma gangue de criminosos. Eric então retorna dos mortos, guiado por um corvo sobrenatural, para caçar seus assassinos.

Nas páginas da hq Eric cruza o caminho de várias pessoas que passaram por problemas e que Eric ajuda em sua missão. A história foi originalmente publicada em 1989 e em 1994 ganhou uma excelente adaptação para o cinema, dirigida por Alex Proyas, e estrelada por Brandon Lee, filho do lendário Bruce Lee. Infelizmente o filme foi marcado pela fatalidade quando Brandon Lee morreu durante as filmagens. O ator, de 28 anos, vivia o auge de sua carreira, e já havia filmado quase todas as suas cenas quando foi ferido fatalmente no set por um tiro, mórbida circunstância que também vitimou seu pai 21 anos antes. Lee recebeu elogios póstumos por sua atuação, e o filme se tornou um sucesso comercial e de crítica. Para completar as filmagens efeitos especiais e um substituto foram usados para completar as cenas restantes de Lee. Sua carreira traçou paralelos com a de seu pai, pois ambos morreram jovens antes do lançamento de seus filmes de sucesso. Originalmente, o diretor Alex Proyas queria filmar o filme inteiro em “preto e branco”, mais próximo dos quadrinhos, e usar cores apenas nas cenas de flashback de Draven com tema de alto contraste, mas os executivos do estúdio não permitiram que ele experimentasse essa abordagem. Isso fez com que Proyas filmasse a maior parte do filme em um tema de cores monocromáticas misturadas com vermelho e cinza escuro. James O’Barr declarou no DVD de O Corvo que, quando conheceu os executivos do filme, eles originalmente queriam fazer um musical estrelado por Michael Jackson. Ele imediatamente riu descontroladamente pensando que era uma piada, mas descobriu que eles estavam falando sério. Foi somente quando Brandon Lee e Alex Proyas entraram na equipe que o filme assumiu um papel mais sério. A trilha sonora é estonteante com destaque para Burn da banda The Cure. O filme fez sucesso e ganhou 4 sequências, com outros atores e uma série de TV canadense com Mark Dacascos realizada em 1998, e com somente teve uma temporada. Rob Zombie chegou a esboçar um remake, mas nunca aconteceu.
