CLÁSSICO NACIONAL | OLGA

Por Adilson Carvalho

Camila Morgado é uma das melhores atrizes do país e isso é fato. Há vinte anos Camila, então com 29 anos, nos deu uma atuação fabulosa no papel de Olga Benário, judia e militante comunista perseguida pelo governo, e que se torna mulher de Luis Carlos Prestes (Caco Ciocler), líder da Intentona Comunista de 1935. Olga foi um grande sucesso de público e crítica com 385 mil pessoas assistindo no fim de semana de estreia no Brasil, além de ter recebido três prêmios no Grande Prêmio Brasileiro de Cinema de 2005. Olga foi baseado no livro homônimo de Fernando Morais, planejado ao longo de oito anos em que durou a negociação dos direitos autorais.

O filme faz um recorte em importante período histórico, mostrando o fracasso da revolução pretendida por Prestes, a consequente prisão de Olga, enquanto estava grávida de 7 meses. De portada pelo governo Vargas para a Alemanha nazista e tem sua filha Anita Leocádia na prisão feminina do Campo de Concentração de Barnimstraße. Afastada da filha, Olga é então enviada para o Campo de Concentração de Ravenbruck, onde vem a ser morta na Câmara de Gás. Foi o primeiro filme dirigido por Jayme Monjadim, vindo da TV onde esteve atrás das câmeras de diversas novelas na extinta Rede Manchete e na Globo. A produção de Olga recriou a Alemanha com neve artificial em Bangu, o bairro mais quente da cidade do Rio de Janeiro. A antiga fábrica de tecidos de Bangu virou o campo de concentração de Ravensbrück, para onde Olga Benário foi levada. Embora seja uma excelente cinebiografia, o filme não foi bem recebido por alguns críticos especializados, que chamaram o filme de excessivamente “televisivo” em seu formato, contando uma história de amor típica das telenovelas, e usando recursos como close-ups extremos, plano e contra plano nos diálogos e música incidental em quase todas as cenas. Mesmo que, de fato, o filme não apresente nenhum recurso cinematográfico e haja um didatismo em sua narrativa, o filme se sobressai graças à Camila Morgado, que aliás foi escalada depois do nome de Patricia Pilar ter sido inicialmente cogitado. Camila faz uma personagem intensa, fácil de se identificar com suas fortes convicções. Sua voz, seu olhar, sua expressão corporal, recursos mais do que suficientes para fazer de Olga um filme memorável.

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