por Adilson Carvalho

Era o ano de 1984 e a ao chegar em uma banca de jornal encontrei três revistas que chamaram minha atenção: Super-Homem, Batman e Heróis Em Ação. Logo segunda edição desta última conheci uma equipe futurista que adorei de cara. Era o Esquadrão Atari com os desenhos maravilhosos de José Luiz Garcia Lopez, espanhol radicado na Argentina. Eu não sabia então mas haviam duas séries de quadrinhos com o Esquadrão Atari, ambas publicadas pela DC Comics, de 1982 a 1986. Ambas resultado da parceria firmada entre a editora e a popular empresa Atari Inc, um marco dos anos 80. Lopez havia ilustrado várias histórias da Mulher Maravilha, Superman e outros nos anos 70. Seu traço elegante e arrojado confere expressão facial e movimentação de admirável leveza e naturalidade para os personagens. A primeira versão da equipe foi uma inteligente jogada de marketing na qual comprava-se um cartucho do Atari e ganhava-se como brinde uma revista com as aventuras de uma equipe de viajantes espaciais encarregados de encontrar um novo lar para a humanidade depois que um desastre ambiental sem precedentes ameaça o futuro da espécie humana. A.T.A.R.I. torna-se então a sigla para Advanced Technology and Research Institute ou Instituto de Pesquisa e Tecnologia Avançada, e a equipe composta por Martin Champion (comandante da missão), sua esposa Lydia Perez, Li-San O’Rourke, Oficial de Segurança, Mohandas Singh, Engenheiro de Voo e do Oficial Médico Dr. Lucas Orion que usam a nave multidimensional Scanner One capaz de navegar pelo Multiverso, um conceito popular atualmente. O roteiro desta série inicial foi de Gerry Conway e Roy Thomas com desenhos de Ross Andru, Gil Kane, Dick Giordano e Mike DeCarlo.

A segunda série do esquadrão surgiu quando as vendas altas convenceram a DC a criar uma segunda série com distribuição mensal de janeiro de 1984 a agosto de 1985) no formato comic book (17 x 26 cm), e publicado em 20 edições. Esta segunda série dá um salto no tempo com a humanidade vivendo uma aparente paz em uma nova Terra 25 anos depois da exploração do Scanner One. Gerry Conway reassume os roteiros com Garcia Lopez nos desenhos, mais tarde passados para Eduardo Barreto ( a partir da edição #13). Conway deixa a série na edição #14, sendo substituído por Mike Baron. Agora o Capitão Martin Champion vive recluso em um satélite, passando o tempo enviando sondas pelo multiverso, já que ele ainda acredita que o inimigo do Esquadrão original, o Destruidor Negro (Dark Destroyer), ainda está vivo em algum lugar do Multiverso. Martin reúne uma nova equipe com seu filho rebelde Christopher Champion, capaz de se teleportar pelo multiverso, Dart, guerreira precognitiva e filha do casal Li San e Mohandas, a alienígena insectóide Morfea, o grandalhão Bebê e o ladrão Paco Rato. Depois se juntam à equipe o pirata espacial Blackjak, amante da Dart, o guerreiro Taz, último sobrevivente de sua raça, e Kargg, o ex-lacaio do Destruidor Negro, cuja verdadeira identidade é impactante (sem SPOILERS). A saga do Esquadrão Atari foi publicada no Brasil nos títulos Heróis em Ação, e depois Super Amigos, da Editora Abril. Esse material valeria a pena ser reimpresso, seria uma oportunidade para uma nova geração conhecer uma história sci fi inteligente, que poderia até ganhar uma versão live action.