Por Adilson Carvalho


#3. HELLBOY (2019). A última aventura de Hellboy nas telas, dirigida por Neil Marshall (Abismo do Medo) com uma classificação baixa de 12% no Rotten Tomatoes. O número não é tão surpreendente, dado o tempo que o estúdio demorou para suspender o embargo da crítica, mas ainda assim é um grande tropeço para um filme para o qual os fãs tinham, no mínimo, expectativas sólidas. Embora o filme em si não seja tão ruim quanto parece, ele ainda é, de longe, o mais fraco dos filmes do Hellboy. O que esse Hellboy tem a seu favor é seu elenco com os nomes de Ian McShane (John Wick De Volta ao Jogo), Milla Jovovich (Resident Evil) obviamente se divertindo como uma bruxa malvada e David Harbour, o Xerife Jim Hopper de Stranger Things. O ator certamente tem a fisicalidade e a fala sardônica para ser um ótimo Hellboy, mas ele está claramente lutando com algumas mudanças estranhas de maquiagem e não recebe um arco de personagem completo para trabalhar.

#2. HELLBOY (2004). Quando o diretor mexicano Guillermo del Toro (O Labirinto do Fauno) teve a oportunidade de fazer um filme do Hellboy, ele aproveitou a chance porque adorava os quadrinhos. E isso ficou evidente. Embora del Toro já tivesse feito grandes filmes de Hollywood antes, como Mutação (1998), e participado de franquias de filmes de quadrinhos pré-existentes, como Blade II (2002), Hellboy era algo muito mais em sintonia com sua sensibilidade cada vez mais icônica. O renomado crítico Roger Ebert explicou isso da melhor forma quando descreveu Hellboy como “um daqueles raros filmes que não é apenas baseado em uma história em quadrinhos, mas que também parece uma história em quadrinhos”. O filme de 2004 é vibrante e quase se regozija consigo mesmo com o quão luxuoso e ridículo é seu próprio conceito. O que mais poderia ser quando se combina demônios, nazistas, Rasputin (Karel Roden) e um triângulo amoroso com uma mulher que pode incendiar coisas? Del Toro nunca conseguiu fazer o filme adaptando H. P. Lovecraft, que ele queria há décadas, mas Hellboy está repleto de referências ao trabalho do autor. A verdadeira estrela de Hellboy é, obviamente, o próprio homem, interpretado com perfeição por Ron Perlman. Esta é uma das melhores escolhas de elenco em todo o cinema de super-heróis. Além de acertar em cheio na fisicalidade do personagem, parecendo mais à vontade com a pele vermelha e os chifres lixados do que com seu próprio corpo, Perlman também entende perfeitamente o equilíbrio entre a natureza sobrenatural de Red e seu lado petulante de colegial. O relacionamento dele com o pai é especialmente tocante em sua mistura de antagonismo e afeição genuína.


#1. HELLBOY & O EXÉRCITO DOURADO (2008). Ao longo de sua carreira, o diretor mexicano Guillermo del Toro tem se destacado por alternar entre títulos de língua inglesa comercialmente amigáveis e histórias mais esotéricas em seu espanhol nativo. Embora O Labirinto do Fauno (2006) tenha sido o filme que primeiro chamou a atenção da Academia e A Forma da Água ( tenha sido o filme que lhe rendeu o tão esperado Oscar, Hellboy II: O Exército Dourado é indiscutivelmente o filme mais típico de del-Toro em sua carreira, bem como sua obra-prima secreta. Ele chegou a dizer ao Twitch Film em 2013 que “Hellboy é tão pessoal para mim quanto O Labirinto do Fauno”. Isso fica mais evidente nesse segundo filme de Hellboy, um filme que mistura todos os estilos e ideias mais queridos de del Toro em uma narrativa frenética e visualmente surpreendente que mostra o cineasta em sua melhor forma. Embora. o primeiro filme tenha conexões mais diretas com o material de origem, o segundo é todo de del Toro. Pense nisso como sua versão de Batman – O Retorno (1991), em que Tim Burton foi à loucura com sua imitação de Burton e usou as estruturas das histórias do Batman da maneira mais vaga possível. Ótima a sequência em que Hellboy canta a melodiosa canção Can’t Smile Without You, de Barry Manilow. Del Toro explorou bem o romance entre Hellboy e Liz (Selma Blair), que nos quadrinhos não se desenvolveu.

