Por Adilson Carvalho

Embora esteja há mais de uma década afastado dos holofotes de Hollywood, Brian DePalma é um dos melhores diretores de sua geração. Trabalhou nas décadas de 70 e 80 com nomes como Al Pacino, Robert DeNiro, Michael Caine, Sean Connery, Kirk Douglas e, para muitos, foi considerado o herdeiro de Hitchcock, por quem guarda uma indisfarçável admiração. Foi um dos principais diretores da chamada Nova Hollywood, surgidas nos anos 70 com nomes como Spielberg, George Lucas e Coppola. O diretor fez vários filmes de sucesso com público e crítica, mas também amargou fracassos, principalmente a partir da segunda metade dos anos 90. Filmes como A Fogueira das Vaidades (1990), Femme Fatale (2002) e A Dália Negra (2006) levaram os estúdios a virarem as costas para o criativo diretor. Seu último trabalho atrás das câmeras foi Domino (2019), um thriller criminal produzido fora de Hollywood. Em seu aniversário, vamos rever alguns de seus melhores filmes.
Carrie A Estranha (1976). A então estreante Sissy Spacek é Carrie, uma jovem tímida, perseguida pelos colegas, professores e impedida pela mãe de levar uma vida comum. No dia de sua formatura, descobre que possui poderes telecinéticos quando os jovens mais populares da escola a humilham diante de todos. Primeira adaptação de Stephen King e também o filme que botou o nome do diretor no mapa dos grandes estúdios. Seu uso da câmera, e o enquadramento que dá usando o recurso de imagens múltiplas arrancam arrepios à medida que o final bombástico se aproxima. Carrie foi um sucesso de bilheteria, ganhando US $ 14,5 milhões nos Estados Unidos e no Canadá até janeiro de 1978. Carrie é um dos poucos filmes de horror que é indicados a vários prêmios da Academia. Spacek e Piper Laurie receberam indicações para os prêmios de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante , respectivamente. O filme também ganhou o grande prêmio no Festival de Cinema de Avoriaz, enquanto Spacek recebeu o prêmio de Melhor Atriz pela Sociedade Nacional de Críticos de Cinema. Foi também o filme de estreia de John Travolta.

A Fúria (1978). Com o sucesso de Carrie, De Palma foi contratado para este thriller sobre percepção extra sensorial saído do livro de John Farris. Um plano diabólico separa o agente da CIA Peter Sandza (Kirk Douglas) de seu filho, Robin (Andrew Stevens). Robin que tem habilidades psíquicas, foi raptado por Ben Childress (John Cassavetes), que está estudando pessoas com poderes sobrenaturais na esperança de desenvolver seus talentos. Peter junta-se com Gillian (Amy Irving), uma adolescente que tem telecinese, para encontrar e resgatar Robin.

Vestido Para Matar (1980). Na história, o Dr. Robert Elliott (Michael Caine), terapeuta, enfrenta um momento aterrorizante quando um psicopata começa a atacar as mulheres de sua vida usando uma navalha roubada de seu consultório, e o envolve num mundo de escusos e perturbadores desejos. De Palma escreveu o roteiro que traz claras alusões a Psicose (1960). Apesar de muito falado na época pela cena de nudez no chuveiro com a atriz Angie Dickenson, na época com 49 anos, não é de fato atriz mas uma dublê de corpo, a modelo Victoria Lynn Johnson. O assassinato no elevador é uma das sequências mais impactantes do gênero.

Scarface (1983). Bem sucedida refilmagem do filme homônimo de 1932. Após receber residência permanente nos Estados Unidos em troca do assassinato de um oficial do governo cubano, Tony Montana (Al Pacino) se torna o chefe do tráfico de drogas em Miami. Matando qualquer um que entre em seu caminho, Tony eventualmente se torna o maior traficante da Flórida, controlando quase toda a cocaína que entra em Miami. Porém, a pressão da polícia, as guerras com cartéis colombianos e sua própria paranoia servem para alimentar as chamas de sua eventual queda. Roteiro de Oliver Stone, que lutava com o seu próprio vício em cocaína na época. Reza a lenda que tanto Pacino quanto DePalma teriam argumentado contra a contratação da então desconhecida Michelle Pfeiffer no elenco.

Dublê de Corpo (1984). Praticamente uma releitura de Janela Indiscreta e Um Corpo que Cai, de Hitchcock, escrito pelo próprio DePalma. Depois de perder um papel e a namorada, o ator aspirante Jake Scully (Craig Wasson) finalmente pode respirar quando lhe oferecem um bico cuidando de uma casa em Hollywood Hills. Pelo telescópio da linda casa, ele vê uma loura dançando na janela. Mas, ao testemunhar a morte da garota, ele se envolve no mundo da indústria pornográfica em busca de respostas, com a atriz pornô Holly Body (Melaine Griffith) como guia.

Os Intocáveis (1987). Refilmagem da clássica série de TV, baseado no livro The Untouchables, de 1957 co escrito pelo próprio Elliot Ness, e adaptado por David Mamet. Após construir um império com bebidas alcoólicas, o lendário chefe criminoso Al Capone (Robert DeNiro) controla Chicago com uma mão de ferro. O agente Elionet Ness (Kevin Costner) tenta derrubar Al Capone e até seus melhores esforços falham por causa da corrupção que se espalha na polícia da cidade. Recrutando um grupo de elite de policiais que não serão corrompidos, incluindo o policial Jimmy Malone (Sean Connery), Ness renova sua determinação para prender Capone. O filme rendeu a Connery o Oscar de melhor ator coadjuvante, mas De Palma foi mais uma vez desprezado pela Academia.

Pecados da Guerra (2002). Quando Hollywood voltava seus olhos para a Guerra do Vietnã, Brian De Palma tinha algo a dizer a respeito, e disse, através da adaptação de obra de Daniel Lang. O filme é baseado no sequestro, estupro coletivo e assassinato da jovem vietnamita Phan Thi Mao. O caso é conhecido como Incidente na Colina 192, sendo estrelado por Sean Penn e Michael J. Fox em papel dramático, o veterano de guerra Max Erikssson, que em flashback relembra o incidente, quando enfrentou sozinho os seus companheiros e o comandante do grupo, o Sargento Meserve (Penn), um homem poderoso e carismático, empurrado para os limites da barbárie pelo terror e pela brutalidade da guerra. Com profundidade, ação e dureza, Brian De Palma cria uma história devastadora sobre a luta de um homem pela sanidade e pela justiça no meio do caos da guerra. Vários veteranos de guerra execraram o filme, mas este conquistou elogios de Spielberg e Tarantino.

Missão Impossível (1994). Foi De Palma o primeiro diretor a conduzir as aventuras do agente Ethan Hunt, vivido por Tom Cruise na adaptação da clássica série de espionagem dos anos 60. Foi a terceira maior bilheteria do ano (atrás de Independence Day e Twister), com 457,7 milhões de dólares mundialmente e criando uma das maiores franquias holywoodianas dos últimos anos. De Palma chegou a ser convidado para dirigir a sequência, mas ele recusou.
