Por Adilson Carvalho

Na segunda metade dos anos 70, o roteirista Steve Englehart deixou a Marvel, onde escrevia títulos como Capitão América, Vingadores e Dr. Estranho planejando abandonar os quadrinhos e se dedicar aos romances, mas a então editora da DC Comics, Jenette Kahn, o persuadiu a ir para a DC. Seu único trabalho anterior creditado para a empresa havia sido o roteiro da história do Batman Night of the Stalker!, publicado em Detective Comics # 439 (fevereiro-março de 1974), e no Brasil em Batman #55 / Ebal (maio de 1974) e depois em Batman #3 / Editora Abril (setembro de 1984).

A princípio Englehart faria Liga da Justiça por um ano, mas acabou se juntando a Walt Simonson e Marshall Rogers, para produzir um arco do Batman, que veio a ser um dos mais impactantes do período. Tudo começa quando ao fugir de um possível flagrante, Batman percebe que precisa cuidar de ferimentos ainda não curados e resolve se internar em uma clínica sigilosa recomendada por um amigo. Mas a clínica não é o que parece e ao tentar fugir, Hugo Strange, personagem criado por Bob Kane e Bill Finger em Detective Comics #40 (fevereiro de 1940), o dono da clínica, descobre sua identidade secreta, o droga e o prende novamente. Hugo Strange se disfarça de Bruce Wayne, vende todas as empresas e prende Alfred que fica cuidando do patrão ainda dopado. A socialite Silver St. Cloud, atual namorada do milionário, fica desconfiada e liga para Dick Grayson que volta para Gotham e os liberta. Hugo tenta leiloar a identidade secreta do Batman. Rupert Thorne o rapta e tortura para que este revelasse o segredo. Depois de recuperado, Batman enfrenta o Pistoleiro, o Pinguim e depois encara o Coringa, em uma das melhores histórias feitas com o palhaço até hoje. O vilão dá peixes em todos os lugares e tenta reivindicar os direitos autorais de sua imagem. E ele vai matar qualquer um que ficar no caminho de seu plano. Esta história, assim como o arco inicial com Hugo Strange, foram adaptadas para Batman – The Animated Series (1992). o arco se encerra com a chegada de um segundo Cara de Barro, e com fim do namoro entre a bela Silver St. Cloud e Bruce Wayne depois que ela descobre sua vida dupla e diz que não poderia viver um relacionamento com a inconstância de Bruce. A arte de Marshall Rogers é impressionante, fazendo uso equilibrado de sombras e luz, tal qual uma narrativa noir. Quando Batman deixa Silver e se pendura na Bat corda em meio à noite de Gotham é cinematográfica. Essas histórias foram publicadas no Brasil pela Ebal, Abril e em encadernado da Panini, registro de uma era pré Miller que merece ser lida e relida.
