BATMAN DAY HQ | A PIADA MORTAL

Por Adilson Carvalho

O antagonismo entre Batman e Coringa sempre rendeu histórias magníficas nos quadrinhos, sendo uma das dicotomias mais célebres do gênero super-herói. Ambos representam lados opostos de um espelho mental onde a insanidade rege suas ações, ainda que canalizadas para lados opostos do sistema. Era  1989 e o escritor inglês Alan Moore foi responsável por escrever a história definitiva entre os dois personagens na icônica A Piada Mortal (The Killing Joke), desenhada pelo fabuloso Brian Bolland (Camelot 3000). A história é dividida em dois tempos, ora mostrando a tragédia que fará um comediante falhido se tornar o palhaço psicótico, e no presente com o Coringa sequestrando Barbara Gordon, a ex Batgirl, depois de atirar nela à queima roupa. Seu objetivo é enlouquecer o Comissário Gordon, forçando-o ver Barbara ser abusada e torturada. A intenção do maníaco é mostrar ao Batman que qualquer um pode enlouquecer se tiver um dia ruim. Uma história brutal, na qual o Coringa expõe o auge de sua insanidade. Carregada de terror psicológico, a história de Moore não poupa o leitor seja visualmente através do traço realista de Bolland, seja no texto que conduz a narrativa oscilando frustração e violência com a determinação de Batman em caçar o Coringa e salvar Gordon e Barbara.

A trama, além de uma profunda análise psicológica do Coringa e do Batman, traz uma nova visão para a origem do mais importante inimigo do Cavaleiro das Trevas. E ainda uma polêmica no final em aberto quando Batman e Coringa finalmente se confrontam debaixo da chuva. O Coringa conta uma piada, o Homem Morcego inesperadamente ri, as gargalhadas são engolidas pela chuva seguido de silêncio súbito. Muitos teorizam que Batman teria matado o Coringa embora o polêmico autor jamais tenha se pronunciado a respeito. Publicada pela primeira vez em 1988, o fato é que a graphic novel consegue ser uma história de origem e fim, um possível fim para o embate definitivo do bem contra o mal, criando raízes profundas na cronologia do herói encapsulado, inspirando filmes e outros contadores de histórias e até gerando uma adaptação para um filme animado, que claro não chega aos pés do impacto da hq original, mesmo que Moore discorde como sempre diz.

O evento acontecerá nos dias 13 e 14 de setembro no Instituto Arte no Dique, Cine Roxy e Cinemateca de Santos. Criado em 2021 por André Azenha, crítico de cinema e produtor cultural autor de livros e realizador de exposições sobre o Cavaleiro das Trevas, o festival foi pioneiro no Brasil e surgiu como uma forma de homenagear o personagem Batman, criado por Bob Kane e Bill Finger em 1939.

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