ENTREVISTA | GUSTAVO NADER

Por Adilson Carvalho

Apresentação : Ator, dublador e diretor de dublagem, Gustavo Nader é a voz de Leonard (Johnny Galicki) em The Big Bang Theory, Hiro (Masi Oka) da série Heroes, o divertido gambá Eddie na franquia A Era do Gelo, além de também ter participado de animes de sucesso como Yu Yu Hakusho, Beyblade, My Hero Academy e Attack on Titan. Gustavo também esteve em filmes como Linda de Morrer (2014), ao lado de Glória Pires, Em Nome da Lei (2016) do diretor Sérgio Rezende, ao lado de Mateus Solano, Meu Tio Quase Perfeito (2017) ao lado de Marcus Majella e Mussum – o Filmis (2023) de Silvio Guidani, no qual interpretou o saudoso Zacarias. Este é o meu querido amigo Gustavo Nader, um dos maiores talentos de nosso país.

Gustavo: Adilson, obrigado pela introdução tão lisonjeira, e obrigado pela paciência porque a gente conseguiu fazer dar certo, perdoe minha agenda 

Adilson : Graças a Deus né. Uma agenda bem cheia mostra que você é um profissional muito requisitado, um profissional que atua muito bem nas áreas em que atua. Como foi a sua história,  conta pra gente um pouquinho mais para que a nova geração possa se espelhar nos caminhos que foram se abrindo para você em sua carreira.

Gustavo: Bom, eu mudei para um prédio que ficava na Capitão Rezende e quando eu morei lá tive como vizinhos o casal de atores e  dubladores Mário Jorge e a Mônica Rocha. O Mário achou que eu levava jeito para dublagem e a Mônica também. Aí, eu fiz um teste com a Marlene,  que era a diretora na época, ela gostou do meu trabalho e eu fiz um teste e depois de aprovado fiz Hook – A Volta do Capitão Gancho (1991).  Depois vieram outros trabalhos, até que eu fui fazer Faculdade de Filosofia um ano e meio,  não terminei,  eu fiz faculdade de psicologia três anos e meio mas também não terminei,  fiz faculdade de direito três anos e não terminei até que passei por um concurso público que eu nunca quis brigar pela vaga porque ela estava dentro do prazo e tal,  mas a minha vida sempre foi premiada pela arte né então veio a profissão do ator , e ela não é fácil né você lida com muitos preconceitos tipo pessoas que dizem “ você não é você,  não tem uma profissão de verdade”.  Essa é uma coisa muito antagônica porque as pessoas passam grande parte da vida delas usufruindo da arte mas elas não conseguem ver o valor do artista. Enfim, fui fazer alguns cursos de teatro e direção,  foi muito legal. Participei de um festival na UERJ que eu ganhei prêmio de melhor coadjuvante, fiz algumas peças profissionais e não fui fazer curso de TV de cinema e porque chegou uma época que eu queria fazer a TV e assim eu fiz alguns comerciais com uma produtora de cerveja. E daí começou tudo.

Adilson: E quais foram seus primeiros papeis na TV e no cinema ?

Gustavo : Fui chamado para fazer uma série chamada Acerto de Contas, produzida pelo Silvio Guindani e pela Marisa Leão. A produtora gostou do seu perfil porque precisava de alguém que fosse engraçado para fazer um personagem que era mudo. Um tempo depois eu fui chamado para conversar com o diretor Sérgio Rezende. Ele ia  fazer um filme chamado Em Nome da Lei, era necessário viajar para o Mato Grosso do Sul, e quando eu fui fazer a leitura do texto, eu me vi ao lado de Marisa Leão, Sérgio Rezende, Mateus Solano, Chico Dias, Eduardo Galvão e o Silvio Guindane. Engraçado que fiquei com o personagem que eventualmente mata o personagem do traficante da história, vivido pelo Chico. Foi bem legal, e assim o pessoal gostou do que eu fiz . Algum tempo depois também a novela Êta Muito Bom na Globo. Era uma rádio novela que fazia parte da realidade daquela história, um subproduto da narrativa da novela. Fui depois contratado para ser diretor de dublagem de videogame, depois que a empresa foi comprada eu abri minha própria empresa de dublagem para videogame, e aí eu continuo fazendo as minhas coisas até que me aparece o filme do Mussum com a direção do Silvio. Ele me escolheu e a gente fez o teste,  eu passei com muito orgulho porque foi de uma maneira unânime na banca e isso foi bem legal, eu fiquei bem emocionado. Ainda recebi um convite para um programa de comédia com o Paulinho Gogó, eu fui lá fazer uma participaçãozinha também e continua fazendo essa minha vida de várias jornadas.

Adilson: Vamos falar mais sobre o filme do Mussum. Como você se sentiu vivendo um ícone da TV como o Zacarias ?

Gustavo: O filme do Mussum para mim foi uma das coisas mais bonitas que eu já fiz. O Silvio Guindani entendeu a necessidade que a gente tinha de ter aula de palhaçada. E aí a gente teve algumas aulas para que pudéssemos imitar aquelas pessoas que representávamos.  Praticamente a gente descobriu os nossos palhaços para a gente poder fazer aqueles palhaços adoráveis que os Trapalhões eram e foi uma coisa muito transformadora na minha vida, fisicamente falando porque eu cortei o cabelo, raspei mesmo e também  psicologicamente ao me colocar no lugar do Mauro Gonçalves. Uma coisa que quando a gente faz como ator é trabalhar a densidade das cenas, como as que eu faço com Ailton Graça, depois com o Gero Camilo. Aquela cena do contrato da Globo, por exemplo, teve a cena do Ailton entrando em conflito com ele,  e a cena mais simbólica para mim foi a última cena filmada, a cena da separação deles. Eles estão ali no camarim e aquilo ali era um plano sequência bonito mas dificílimo que a gente gravou. 

Do Questionário de Bernard Pivot:

Adilson : Qual é o som que você mais gosta? O som da respiração da minha esposa.

Adilson: E, qual o som que você mais detesta? O grito de dor de uma mãe que perdeu um filho.

Adilson: Que profissão você gostaria de ter tido, além da sua ? Um cientista.

Adilson: Que profissão você jamais teria? Policial.

Adilson: O que você gostaria de ouvir Deus dizer quando você chegasse ao paraíso ? Porque a vida tem que ser assim ?

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