GALERIA DE ESTRELAS | CHRISTOPHER REEVE

Por Adilson Carvalho

Estamos a um passo da volta de Superman – O Filme (1978) aos cinemas e a pouco menos de um mês antes da estreia do documentário Super/Man – A História de Christopher Reeve. Hoje, este fantástico ator não está mais entre nós, mas celebramos não apenas seu aniversário de 72 anos que faria hoje, mas principalmente a oportunidade de examinar sua carreira além da capa vermelha do homem de aço, seu papel mais famoso. Reeve interpretou o Superman em quatro filmes Superman – O Filme (1978), Superman II (1980), Superman III (1983) e Superman IV – Em Busca da Paz (1987), mas sua atuação começou aos 14 anos tendo estudado em prestigiadas escolas de artes cênicas como a Juilliard, onde estudou de 1973 a 1975, e onde iniciou uma longa amizade com o ator Robin Williams.

O ator no Muppet Show da TV

Iniciou sua carreira com pequenas participações no teatro e na televisão, obtendo seu primeiro bom papel em S.O.S Submarino Nuclear (1974), e embora admitisse nunca ter sido um ávido apreciador de quadrinhos, fez o papel de Superman, herói criado por Jerry Siegel e Joe Shuster nos quadrinhos editados pela DC Comics. Em entrevista ao Actor’s Studio disse ter feito Clark Kent com Cary Grant em mente. O papel do último filho de Krypton lhe rendeu uma indicação ao BAFTA, o Oscar inglês. Logo no início dos anos 80 fez Em Algum Lugar do Passado (1980) no qual interpretou o escritor Richard Collier, que embarca em uma viagem ao passado para viver um romance com a atriz Elise McKenna, uma popular atriz de teatro do início do século XX, interpretada por Jane Seymour. O filme foi filmado na Ilha Mackinac, no Grand Hotel, em meados de 1979, e se tornou o filme favorito do ator. Chris e Jane iniciaram uma forte amizade e foi com o nome dele que Jane batizou seu primeiro filho. Apesar de ter sido redescoberto nas reprises de TV, e no futuro mercado de home video, o filme dirigido por Jeannot Swzarc foi um fracasso de bilheteria na ocasião de seu lançamento original. Chris mostrou-se contudo um intérprete versátil capaz de imprimir em cena vulnerabilidade e humanidade que o papel de Superman não permitia. O mesmo pode ser dito no inventivo Armadilha Mortal (1982), no papel de um dramaturgo novato com motivos questionáveis em relação a seu ídolo e mentor interpretado por Sir Michael Caine. Reeve aceitou o papel de Clifford Anderson porque não tinha nada a ver com Clark Kent ou com o Superman, e ele queria evitar ser tipificado por sua personalidade de super-herói. Durante a produção desse filme, ele disse: “Tive muito treinamento como ator e quero usá-lo“. O filme foi muito bem recebido pela crítica na época.

No mesmo ano, Reeve interpretou o padre católico corrupto John Flaherty, que tomou decisões desafiadoras durante a Segunda Guerra Mundial no filme Monsignor, do diretor Frank Perry. Reeve sentiu que isso lhe deu a oportunidade de interpretar “um personagem moralmente ambíguo que não era nem claramente bom nem claramente mau, alguém para quem a vida é muito mais complexa do que os personagens que interpretei anteriormente”. Em 1986, ele ainda estava lutando para encontrar roteiros de que gostasse. Um roteiro chamado Malandro de Rua (Street Smart) estava guardado em sua casa há anos e, depois de relê-lo, ele conseguiu que a Cannon Films o aprovasse, estrelando ao lado de Morgan Freeman, que foi indicado ao seu primeiro Oscar pelo filme. O filme recebeu excelentes críticas, mas teve um desempenho ruim nas bilheterias, possivelmente porque a Cannon Films não conseguiu divulgá-lo adequadamente. Reeve foi escalado para o papel principal em Troca de Maridos (Switching Channels) refilmagem livre de Jejum de Amor (1940). Durante as filmagens, Burt Reynolds e Kathleen Turner tiveram constantes desentendimentos, o que tornou a experiência insuportável para o ator, que precisava o tempo todo mediar a situação. Mais tarde, Reeve declarou que fez papel de bobo no filme, e que a maior parte de seu tempo foi dedicada à arbitragem entre Reynolds e Turner. O filme teve um desempenho ruim, e Reeve acreditava que isso marcava o fim de sua carreira de astro de cinema.

Ele passou os anos seguintes fazendo principalmente peças de teatro, mas ainda fez um teste para o papel que ficou com Richard Gere em Uma Linda Mulher (1990), mas desistiu depois. Em 1990, Reeve foi para a TV onde estrelou o filme sobre a Guerra Civil Americana Guerra de Paixões (The Rose and the Jackal), no qual interpretou Allan Pinkerton, o lendário chefe do novo Serviço Secreto do Presidente Lincoln. Em outubro, foi oferecido a Reeve o papel de Lewis em Vestígios do Dia (The Remains of the Day). O roteiro era um dos melhores que ele havia lido, e ele aceitou o papel sem hesitar. O filme foi considerado um clássico instantâneo e foi indicado a oito prêmios da Academia. Nesse período, Reeve ainda participou de três filmes para a televisão, nos quais foi escalado como vilão, sendo o mais notável deles foi Busca Desesperada (Bump in the Night), no qual Reeve interpretou um molestador de crianças que sequestra um garoto na cidade de Nova York. O filme recebeu críticas razoáveis a positivas. Em outro filme para a televisão, Segredos Mortais (Mortal Sins) de 1992, Reeve interpretou pela segunda vez um padre católico, dessa vez ouvindo as confissões de um assassino em série em um papel que lembrava o de Montgomery Clift em A Tortura de um Silêncio (I Confess), de Hitchcock. Pouco antes de seu acidente, Reeve ainda interpretou um policial paralítico no filme da HBO Sem suspeita (Above Suspicion). Ironicamente, ele fizera uma pesquisa em um hospital de reabilitação sobre como seria ser paraplégico. Em seguida participou da refilmagem de A Aldeia dos Amaldiçoados (Village of the Damned). Reeve recebeu a oferta de ser o protagonista de um novo filme para o cinema, e também planejava dirigir seu primeiro filme para a tela grande, uma comédia romântica intitulada Tell Me True (Diga-me a verdade). Ambos os planos foram cancelados em decorrência do acidente a cavalo em 1995 que o deixou paralisado. Depois da fatalidade, ele ainda recebeu um Screen Actors Guild Award e uma indicação ao Globo de Ouro pelo seu desempenho na refilmagem de Janela Indiscreta (Rear Window) feita para a TV em 1998.

Em 27 de maio de 1995, uma súbita queda do cavalo (a ator era um praticante) o tornou tetraplégico devido a uma fratura nas suas duas primeiras vértebras cervicais, o que acabou por lesionar a sua medula espinhal. Um ano depois, foi aclamado em pé na cerimônia do Óscar. A partir daí passou a lutar por pesquisas com células-tronco tendo criado a Christopher Reeve Paralysis Foundation, visando a melhorar a condição de vida de pessoas como ele, vítimas de algum tipo de paralisia. Em 27 de janeiro de 1996, foi condecorado com a Ordem Bernardo O’Higgins, como reconhecimento à defesa pública que fez dos atores chilenos durante a ditadura de Augusto Pinochet. Em setembro de 2003, ganhou o Prêmio Lasker. Reeve morreu em 10 de outubro de 2004, aos 52 anos de idade, vítima de um infarto causado por uma infecção. Com a morte de Reeve e logo após a morte de Dana, esposa de Chris, Robin Williams adotou Will (filho mais novo do ator) e o criou como se fosse seu próprio filho. O corpo de Reeve foi cremado. Sem dúvida nenhuma, Christopher Reeve deixou sua marca nas telas, de mostrou-se um verdadeiro homem de aço em sua luta para recuperar o movimento do corpo. Não como não dizer que Chris foi de um herói, alguém que nos ensinou que realmente podemos voar, acreditar no que somos e no que podemos nos tornar.

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