MÊS DO SUPERMAN | SUPERMAN CRÔNICAS

Por Leandro “Leo” Banner

SUPERMAN CRÔNICASVols. 1 a 3, Editora Panini Comics.

Não poupamos críticas à editora Panini Comics pelos seus incontáveis e aparentemente intermináveis erros nem pelas suas péssimas decisões editoriais ao longo de mais de vinte anos em que vem distribuindo e publicando quadrinhos, e nesse post vamos falar de um de seus maiores acertos, que foi a coleção CRÔNICAS – que trazia histórias de personagens desde a sua criação – , e também de um de seus maiores equívocos , que foi justamente o cancelamento dessa mesma coleção sem qualquer satisfação ou explicação aos fãs e consumidores que a prestigiaram adquirindo os exemplares. Em dezembro de 2007 a Panini lançou SUPERMAN CRÔNICAS VOL. 1, que trazia as histórias do “Homem do Amanhã” desde o começo, por seus criadores JERRY SIEGEL e JOE SHUSTER, na seminal ACTION COMICS #1, de 1938 (sobre a qual falamos tempos atrás aqui no post SUPERMAN 85 ANOS – ACTION COMICS #1 E SUA IMPORTÂNCIA). Era o começo daquela que se convencionou chamar de ERA DE OURO dos quadrinhos, com o surgimento do primeiro e maior herói de todos os tempos, o SUPERMAN. A história de origem, contada na primeira página da primeira edição, mostra um cientista de um planeta condenado chamado Krypton, que envia seu filho ao planeta Terra com o objetivo de salvar sua vida. Aqui chegando, a estrutura atômica avançada da criança lhe confere poderes e habilidades acima das dos demais homens e, quando atinge a idade adulta, decide usar seus poderes para combater o mal como o SUPERMAN. Nesse primeiro momento, o resumo da história diz que Clark Kent foi criado num orfanato sem maiores detalhes adicionais, para, logo em seguida, já mergulhar na primeira e frenética aventura do Superman lutando contra o tempo a fim de salvar a vida de uma pessoa injustamente condenada à morte na cadeira elétrica.

Joe Shuster (à esquerda) e Jerry Siegel (à direita)

Entretanto, ainda que estivesse bem distante da sua concepção original pelos autores, que remonta a 1933, o Superman que se vê em ACTION COMICS #1 é muito diferente do que se tem nas últimas cinco ou seis décadas, pois lá naquele tempo contava com aventuras mais urbanas e cotidianas, sem mencionar as poucas habilidades ou “poderes”, que então se resumiam tão somente a capacidade de saltar sobre um prédio de 20 andares (de fato, ele NÃO voava…😝), superforça (que nem era tão “super” assim 😆), invulnerabilidade e supervelocidade. Esse primeiro volume de SUPERMAN CRÔNICAS reúne as edições de ACTION COMICS #1-13, NEW YORK WORLD’S FAIR COMICS #1 e SUPERMAN (VOL. 1) #1 (título que duraria até 1985), onde temos as primeiras aparições não apenas de Superman/Clark Kent, mas também de Lois Lane, George Taylor, editor do Estrela Diária (que depois se tornaria Perry White, editor do Planeta Diário) e um contínuo sem nome em Action Comics #6 que em 1941, na edição #13 de Superman (vol. 1) seria identificado como “Jimmy Olsen”.

Nas histórias desse primeiro volume vemos o Superman mais como um vigilante, sem se importar muito com a vida e bem-estar de meliantes, se valendo de quaisquer meios ao seu alcance para fazer justiça a qualquer preço, mesmo que precise apelar para violência. Há histórias em que o herói intervém em confrontos internos de outros países (no caso a fictícia nação de “San Monté”), se disfarça de operário para investigar condições de trabalho subumanas (curiosamente Grant Morrison aproveitaria esse conceito nos Novos 52 ao colocar o herói trabalhando como operário na cidade em sua juventude sob o pseudônimo de Johnny Clark) e várias outras histórias com situações impensáveis para o Superman de hoje em dia, em tramas simples, ágeis e objetivas, com a arte de Joe Shuster evoluindo cada vez mais nas edições que se seguiram. Nessa primeira sequência vamos vendo a definição e aparecimento das botas vermelhas, um progressivo – ainda que lento – delineamento do “S” no peitoral do uniforme e o surgimento de novos poderes, como a super-audição.

O sucesso do personagem foi tamanho que a National Periodicals Publications – que depois se tornaria DC Comics – lançou outro título chamado Superman, em 1939, cuja primeira edição trazia uma versão estendida da origem do herói apresentada em Action Comics e mais informações sobre o planeta Krypton. No volume 2 de SUPERMAN CRÔNICAS, lançado em agosto de 2008, temos as histórias compiladas em ACTION COMICS #14-20 e SUPERMAN (Vol. 1) #2-3, onde mais uma vez vemos o herói em histórias e situações inusitadas, o surgimento do vilão Ultra-Humanoide, o Homem de Aço envolvido numa caça ao tesouro (ainda que por uma causa nobre, é interessante ver o herói usando seus poderes para ganhar dinheiro), um embate contra o jogo ilegal e ainda lida com uma criança que fugia de um orfanato onde sofria maus tratos. Depois de um considerável hiato, o derradeiro volume 3 de SUPERMAN CRÔNICAS é lançado em 2013 compilando as edições de ACTION COMICS #21-25, SUPERMAN (vol. 1) #4-5 e NEW YORK WORLD’S FAIR #2, onde ainda é possível ver situações que refletem totalmente a época em que as histórias foram concebidas, como por exemplo, Clark Kent fumando cachimbo na edição #21 de ACTION COMICS, ao passo que na edição #23 tem-se a alteração do nome do jornal de “Estrela Diária” para “Planeta Diário” e a primeira aparição daquele que viria a ser o maior antagonista do Homem de Aço, Lex Luthor, aqui retratado como um gênio científico especializado em munições. A série CRÔNICAS se constituiu numa excelente oportunidade para todos que queriam conhecer verdadeiramente os primórdios do Superman, e perceber que ao menos nessa primeira concepção, ainda que lutasse pela justiça, o herói não era exatamente um escoteiro que primava tanto pela retidão dos métodos nem tão condescendente com bandidos e malfeitores como veio a se tornar alguns anos depois. Um lançamento excelente cuja caprichada versão nacional – com capa dura e miolo em papel couché – era muito superior à versão original (CHRONICLES) com capa cartão e papel pisa-brite, tendo também outros títulos dedicados ao Batman e ao Lanterna Verde, mas que a Panini Comics infelizmente CANCELOU privando uma legião de leitores curiosos de acompanhar a evolução sofrida ao longo desses primeiros anos por esse personagem pioneiro e tão essencial na Cultura Pop.

Um lançamento que vale a pena conhecer.

Vida longa e próspera e até a próxima!🖖🏻

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