NA NETFLIX | A MÚMIA

Por Adilson Carvalho

O sucesso do Universo Cinematográfico Marvel levou todos os estúdios a desenvolverem franquias interligando filmes temáticos. Como a Universal é dona de um acervo clássico de monstros, nada mais natural que ela começasse seu próprio universo sombrio, o que já havia tentado fazer em 2014 com Drácula – A História Não Contada, que decepcionou nas bilheterias. O pensamento dos executivos foi óbvio trazer um grande astro como centro de uma narrativa que reaproveitasse o vasto acervo do estúdio.  A ideia não era má, principalmente quando a Universal trouxe à bordo Tom Cruise, da franquia Missão Impossível e o roteirista Alex Kurtzman para assumir a direção já que este havia sido muito bem sucedido no reboot de Star Trek para a Paramount.  Assim o roteiro de David Koepp, Christopher McQuarrie e Dylan Kussman reimaginou a figura da Múmia trazendo a ao mundo atual, não Ihmotep do filme de 1999, mas a Princesa Ahmanet, papel entregue à atriz e modelo argelina Sofia Boutella. Nos dias atuais, Ahmanet é despertada por acidente por Nick Morton (Tom Cruise) e Chris Vail (Jake Johnson), saqueadores de artefatos antigos que estavam na região em busca de raridades. Ao lado da pesquisadora Jenny Halsey (Annabelle Wallis), eles lutam contra o tempo para impedi-la de trazer de volta SET, o deus da morte com quem anseia governar o mundo. Um dos grandes equívocos do filme foi justamente a imagem do astro Cruise, por demais ligada ao seu papel de Ethan Hunt (Missão Impossivel). A sensação de que A Mumia parece um derivado da franquia de espionagem perpassa toda a narrativa e descaracteriza a intenção proposta pelo Dark Universe. A introdução de uma organização secreta liderada pelo Dr. Henry Jekill (Russell Crowe), personagem de O Médico & O Monstro (1886) de Robert Louis Stevenson, acaba reforçando a descaracterização mencionada transformando tudo num genérico de Missão Impossível. Por outro lado as cenas de ação são um admirável esforço de criar o efeito “montanha russa” o que é bem sucedido por exemplo na sequencia da queda do avião. Mas falta ação filme de Kurtzman mais identidade, seja a do terror da versão de Boris Karloff ou da aventura a la Indiana Jones da versão de Brendan Fraser. Essa identidade ausente seria essencial para adaptar a obra para os tempos atuais e fundamentar um universo sombrio mais crível dentro de uma realidade em que deuses e monstros habitam ao nosso redor. Disponível a partir de hoje na Netflix.

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