GALERIA DE ESTRELAS –  CHARLTON HESTON

Por Adilson Carvalho & Paulo Telles

Hoje comemoramos os 101 anos de um dos maiores nomes do cinema, e Paulo Telles começa uma série de matérias sobre os grandes filmes deste mito das telas. Ator e ativista político norte-americano, John Charles Carter se notabilizou no cinema por papéis heroicos em superproduções da era de ouro de Hollywood, como Moisés de Os Dez Mandamentos, Judah Ben-Hur de Ben-Hur, George Taylor de Planeta dos Macacos, o lendário cavaleiro espanhol El Cid no filme homônimo, Robert Neville em A Última Esperança da Terra entre vários outros que imprimiram no panteão dos grandes astros das telas o nome artístico de Charlton Heston. O ator usou o sobrenome de solteira de sua mãe Lila Charlton e o sobrenome de seu padastro Chester Heston. Fez faculdade de artes dramáticas, lutou na Segunda Guerra Mundial, conquistando a patente de Sargento. Fez teatro até conseguir a primeira chance de atuar de frente para as câmeras, sob as ordens de Hal B. Wallis em Cidade Negra (Dark City) já como protagonista. Dois anos depois teve seu primeiro grande papel como o enérgico Brad Braden, gerente de um circo em O Maior Espetáculo da Terra (The Greatest Show on Earth) de Cecil B. De Mille.

O Maior Espetáculo da Terra

Os filmes que se seguiram foram construindo uma carreira sólida e versátil: fazendeiro obstinado em A Selva Nua (1954), caçador trapaceiro em O Segredo dos Incas (1954) , oficial do exército em Guerra Íntima do Major Benson (1955) até chegar a oportunidade de trabalhar de novo com Cecil B. De Mille em Os Dez Mandamentos (1956) no papel de Moisés. Em 1958 fez um policial mexicano em A Marca da Maldade (1958) de Orson Welles até ser convencido pelo seu agente a trabalhar com William Wyler no faroeste Da Terra Nasce os Homens (1958), contracenando com Gregory Peck. Foi justamente por este trabalho que Wyler convidou Heston a substituir o inicialmente escalado Burt Lancaster em Ben Hur (1959), um dos maiores filmes de todos os tempos, e que lhe rendeu uma estatueta de melhor ator. Em sua vida pessoal, Charlton Heston nos anos 50 se identificava como um democrata, tendo trabalhado na campanha de John F. Kennedy, falado contra a perseguição macarthista e até participado da marcha pelos direitos civis ao lado de Martin Luther King, mas na década seguinte se tornou um ferrenho republicano. Reza a lenda que Charlton Heston se desentendeu com o liberal Paul Newman por conta de ideais políticos. Mesmo assim, se opôs à Guerra do Vietnã e à eleição de Richard Nixon.

Entre 1966 e 1971 foi presidente do Sindicato dos Atores, mas continuou atuando em papéis cada vez mais desafiadores como o mítico guerreiro El Cid (1961), major da cavalaria em Juramento de Vingança (1965), senhor feudal em O Senhor da Guerra (1965), o pintor Michelângelo em Agonia & Êstase e o papel mais exigente na opinião do ator, o astronauta Taylor no fantástico O Planeta dos Macacos (1968). O ator entrou a década de 70 diversificando ainda mais seus papéis em gêneros distintos como filme catástrofe (Aeroporto 75 e Terremoto), guerra (Midway), ficção científica (A Última Esperança da Terra e No Mundo de 2020) e aventura, no papel do vilanesco Cardeal Richelieu em Os Três Mosqueteiros (1973) e A Vingança de Miladay (1974). Ao longo de sua carreira rejeitou alguns papéis em filmes famosos como o papel de Jim Bowie em O Álamo, o épico de John Wayne, o papel de chefe de polícia em Tubarão, de Speilberg, o papel de Gary Cooper em Matar ou Morrer, e chegou a ser considerado para o papel de Jor El em Superman – O Filme.

Os Três Mosqueteiros

Nas décadas de 80 e 90 suas atuações foram diminuindo nas telas, com participação especial em séries como Friends e Sea Quest. Em 1994 foi convencido por James Cameron a fazer o papel de chefe do Serviço Secreto em True Lies, porque nas palavras de Cameron “somente Charlton Heston poderia intimidar Schwarzenegger“. Nesse período a fama do ator foi eclipsada por posições radicais como tornar-se presidente da National Rifle Association of America (NRA), a poderosa entidade civil que luta para que seja mantido o direito do cidadão de comprar e portar armas de fogo nos Estados Unidos, da qual era membro honorário vitalício, além de se posicionar publicamente contra o aborto, legal nos Estados Unidos. Em 2001 fez participação especial na refilmagem de Planeta dos Macacos de Tim Burton, desta vez interpretando um simio. Morreu em 5 de Abril de 2008 em sua residência de Beverly Hills, em Los Angeles, aos 84 anos. Sofria desde 2002 de uma doença degenerativa com sintomas similares aos do Mal de Alzheimer. Um dos grandes atores do cinema, que marcou a história de Hollywood por sua persona heróica, rígida e obstinada que o tornou um ícone inesquecível.

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