ISTO É FATO… NÃO FITA! | “NO MEU FILME NÃO TEM ESPAÇO PARA DUAS BALEIAS!”.

Por Paulo Telles

Orson Welles e John Huston

E Vamos para mais um caso real nos bastidores da velha Hollywood, a Cidade das Redes.

Em 1956, o cineasta John Huston (1906-1987) levou para as telas a mais bem sucedida adaptação do romance de Herman Melville (1819-1891), Moby Dick (Moby Dick, 1956), estrelada por Gregory Peck (1916-2003). O galã fez o papel principal do atormentado Capitão Ahab, e sua obsessiva perseguição a baleia que lhe mutilou uma das pernas. Além de Peck, outros nomes despontaram neste grande espetáculo de efeitos cromáticos, como os magistrais Leo Genn (1905-1978) como o imediato Starbuck e Richard Basehart (1914-1984) como o marujo Ismael, o narrador da história. E o grandioso mestre Orson Welles (1915-1985), em curta, porém, significativa participação, viveu o reverendo Mapple.

Welles, como todos sabem, era um grande cineasta e notável ator e roteirista, e não escondia de ninguém seu desejo de interpretar o papel principal na produção, sendo um confesso admirador do romance de Melville. Pouco antes de iniciar as filmagens, John Huston recebeu uma mensagem do diretor de Cidadão Kane, e este pedindo-lhe para interpretar Ahab. Welles estava muito acima do peso (obesidade que  acompanhou-o grande parte da vida) e, por este e outros motivos, principalmente porque o papel já havia sido entregue para Gregory Peck, Huston negou, e ainda enviou uma nota como resposta para Orson:

Orson, queira me desculpar! Mas no meu filme não tem espaço para duas baleias.

Orson Welles como o reverendo Mapple em MOBY DICK, versão de 1956 dirigida por John Huston.

Huston pode até ter brincado, mas Welles ficou furioso e magoado. Compensando o amigo e colega pela pilhéria, Huston convidou-o para interpretar o reverendo Mapple, em uma sequência que dura apenas uns poucos minutos no filme. Por ironia do destino, em 1998, o romance de Melville foi levado para uma versão em minissérie para a TV, com Patrick Stewart como Ahab e Gregory Peck vivendo, justamente, o reverendo Mapple, papel que foi de Orson Welles na versão cinematográfica de 1956.

Um caso em nossos registro, Afinal, Isto é Fato… Não Fita!

Paulo Telles é crítico de cinema, escritor e radialista (DRT 21959-RJ) além de colunista e redator do blog Cine Retro Boavista.

https://cineretroboavista.blogspot.com/

“Isto é Fato… Não Fita! “ era um quadro do extinto programa Cine Vintage, pela Web Rádio Vintage.

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