Por Adilson Carvalho

Já assisti bons filmes de tribunal, aqueles que um indivíduo enfrenta praticamente todo o sistema, filmes como Justiça Para Todos (1979) com Al Pacino ou Ellen Brokovich (2000) com Júlia Roberts evidenciam as ações de um Davi contra Golias!! O que impressiona e impacta em O Preço da Verdade (Dark Waters) é saber que a história contada é mais próxima de todos nós do que imaginamos. O filme conta a historia de Robert Bilott (Mark Ruffalo), um advogado de defesa corporativo que ganhou prestígio trabalhando em casos de grandes empresas de químicos. Quando um fazendeiro (Bill Camp) chama sua atenção para mortes de gado que podem estar ligadas ao lixo tóxico produzido pela Dupont, uma grande corporação, ele começa uma ferrenha investigação que revela que a contaminação é causada pela substância que chamamos de Teflon, usada em panelas, carpete, roupas e outras que fazem parte de nosso dia sem que percebamos que a formula do Teflon prococa doencas como câncer. Robert embarca em uma luta pela verdade, em um processo judicial que dura anos e põe em risco sua carreira na Taft, a firma de advocacia dirigida por Tom Terp (Tim Robbins), seu casamento com Sarah (Anne Hathaway), sua família e seu futuro. O que conquista no filme de Todd Haynes não são os recursos narrativos mas o impacto de sua denúncia e a amarga constatação de que o sistema favorece o abuso de poder das grandes corporações como a Dupont. Nem mesmo o governo ou as leis ambientalistas fazem a diferença e o sacrifício de Robert conduz a trama integralmente deixando Mark Ruffalo brilhar, mas sobre pouco ou nada para fazer nos papéis de Anne Hathaway, Victor Garber e na rápida aparição de Bill Pullman. O filme é baseado no artigo The Lawyer Who Became Dupont’s Worst Nightmare, publicado no New York Times em 2016. Esnobado pela Academia na 77° Cerimônia de Entrega do Oscar em 2019, ano de seu lançamento, o filme atrai a atenção e nos faz abrir os olhos para nosso papel como presas dos interesses corporativos e cobaias de um laboratório humano frio e insensível. Vale a pena assistir na Netflix.
