MÊS DO SUPERMAN | PARA O HOMEM QUE TEM TUDO

Por Adilson Carvalho

Antes que o Superman fosse reformulado por John Byrne, depois da mega saga Crise nas Infinitas Terras (1985), o escritor inglês Alan Moore foi chamado para escrever duas histórias que entrariam para as melhores feitas com o personagem criado por Jerry Siegel e Joe Shuster. A primeira delas foi a icônica Para o Homem que Tem Tudo, publicada originalmente em Superman Annual #11 (setembro de 1985). Na história, desenhada por Dave Gibbons (Watchmen), no aniversário do Superman, Batman, Robin e Mulher-Maravilha vão à Fortaleza da Solidão dar os merecidos parabéns. Porém, no local, os heróis o encontram paralizado, preso à Clemência Negra, uma planta alienígena que aprisiona seu hospedeiro num transe onde seus desejos mais profundos são reais, um “presente” do ardiloso Mongul.

Enquanto a heroína amazona enfrenta o monstro, a Dupla Dinâmica tenta livrar o Homem de Aço, em cuja mente vemos “o que deseja um homem que tem tudo”. Em seu estado catatônico, o Superman sonha com uma vida normal em seu planeta natal, Krypton, há muito destruído, casado e feliz com Lyla Lerrol e com dois filhos, Orna e Van-El. Enquanto a Mulher-Maravilha luta contra o mais poderoso Mongul por sua própria conta e risco, Batman e Robin tentam libertar o Superman, tirando a Mercúrio Negro de cima dele. A fantasia do Super-Homem toma um rumo sombrio, pois seu pai Jor-El, cuja previsão da destruição de Krypton não se cumpriu, tornou-se desacreditado e amargurado. A mãe do Superman, Lara, morreu isolando ainda mais Jor-El de sua família. Nem mesmo a morte de seu irmão Zor-El fez com que Jor-El se reconciliasse com sua cunhada Alura e sua sobrinha Kara Zor-El. A sociedade kryptoniana dessa realidade onírica passou por uma reviravolta política, e o desonrado Jor-El se tornou presidente de um movimento extremista chamado A Espada de Rao, que clama por um retorno ao passado “nobre e intocado” de Krypton por meio do estabelecimento de uma teocracia totalitária sob a liderança do irmão Lor-Em. A Zona Fantasma, o sistema prisional de Krypton em outra dimensão desenvolvido por Jor-El, tornou-se impopular entre o público. Kara Zor-El é agredida por manifestantes contra a Zona, para os quais o criminoso Jax-Ur, condenado à eternidade na Zona, é um mártir. Kal-El decide levar sua família para longe da cidade para se proteger, apenas para testemunhar Jor-El presidindo uma manifestação política que lembra um comício fascista, que se dissolve em um tumulto entre os manifestantes anti-Zona e a Espada de Rao. Gradativamente o último filho de Krypton se liberta do domínio da Clemência Negra e parte furioso contra Mongul.

A história foi adaptada para o segundo episódio da série animada Liga da Justiça Sem Limites (2004). Nessa versão, Robin não aparece e a maioria de suas falas e ações é dada à Mulher-Maravilha. A história foi readaptada para o décimo terceiro episódio da primeira temporada da série de TV Supergirl com o título alterado para Para a Garota Que tem Tudo, refletindo a troca do Superman pela Supergirl. No episódio, Kara cai sob a influência da Clemência Negra e se imagina de volta a Krypton. Ela acaba sendo resgatada por meio de intervenção externa por sua irmã adotiva Alex Danvers. A história de Moore e Gibbons ainda serviu de inspiração para a segunda temporada da animação Minhas Aventuras com o Superman (2023). No oitavo episódio da temporada, The Death of Clark Kent, o supervilão Brainiac captura o Superman e usa a Clemência Negra. Diferentemente do material de origem, a Clemência Negra é retratada como tecnologia de realidade virtual e facilita a tentativa de Brainiac de suplantar a consciência do Superman e assumir o controle de seu corpo, aprisionando sua mente em uma versão fantasiosa de Krypton. Alan Moore ainda faria uma outra história igualmente impactante encerrando o ciclo pré Crise do personagem, mas esta história Leo Banner nos conta em dois dias aqui no cinemacompoesia.

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