DOCUMENTÁRIO DE CHRISTOPHER REEVE CHEGA AOS CINEMAS

Por Adilson Carvalho

Vinte anos após a morte do pai, os filhos de Christopher Reeve estão prontos para contar sua extraordinária história – desde brincar de Superman até protestar contra Pinochet, transformar os direitos dos deficientes e ser um pai e amigo querido É assustador estar em uma sala com os irmãos Reeve. Todos os três são parecidos com seu pai, Christopher. Matthew, 44 anos, se assemelha a Reeve como Clark Kent. Alexandra, 40 anos, compartilha sua beleza angular. O mais novo, Will, 32 anos, se parece com ele no papel de Superman. Eles são quase tão altos quanto o pai, que media 1,80 m: Quanto aos seus empregos, Matthew faz filmes, Alexandra é advogada legislativa em Washington DC e Will é jornalista esportivo de TV. O pai deles era um ator que virou diretor, obcecado por esportes, que fez campanha para mudar a lei em várias frentes, principalmente em relação a pessoas com deficiência. “Genes fortes!” diz Alexandra, sorrindo para os outros dois. Não é só isso, eu digo. Suas carreiras parecem refletir a de seu pai. Outro sorriso. “É tão estranho”, diz Alexandra. “Pensamos nisso o tempo todo. Dividimos as paixões dele entre nós três.” Faz 20 anos que Reeve morreu, 29 anos que ele quebrou o pescoço após ser jogado do cavalo e 46 anos que o primeiro de seus quatro filmes como Superman foi lançado. Esse filme quebrou vários recordes de bilheteria e fez de Reeve uma estrela mundial. Ninguém dominou a dualidade do Superman e seu alter ego, o repórter Clark Kent, de forma tão convincente quanto Reeve. Quando ele morreu, nove anos depois de ter ficado paralisado do pescoço para baixo, percebemos que Reeve tinha um toque do próprio Superman. Mas não sabíamos como ele era um homem complexo.

Os filhos de Christopher Reeve

Agora, um novo documentário, com a participação de seus filhos e vários nomes conhecidos, narra sua vida em todas as suas intrincadas camadas. O filme acaba de ter sua estreia britânica no festival de cinema de Londres, e nos encontramos em um hotel da cidade para conversar sobre ele. Embora Super/Man: A História de Christopher Reeve documente um indivíduo único, ele também traz lições para todos nós. Para resumir em sua essência, como lidamos com a situação quando a merda realmente atinge o ventilador? Quando era pequeno, Matthew se lembra de ter percebido que seu pai era especial. “As crianças vinham e queriam passar um tempo com ele e pegar um autógrafo, mas ainda tínhamos uma infância bem normal. Não foi na Califórnia. Morávamos em Londres e Nova York por um motivo: para ter uma educação um pouco mais tradicional.” Reeve gostava de sua fama? “Acho que ele se orgulhava de como as pessoas se relacionavam com ele e com o papel do Super-Homem em particular. Era divertido ver as crianças se aproximando, e ele se sentia na obrigação de corresponder à esperança que as crianças depositavam em você.” As crianças dizem que Reeve era diferente de Franklin (pai de Christopher) em um aspecto crucial: ele lhes demonstrava muito amor. “Enquanto papai achava que nunca poderia fazer nada suficientemente bem para Franklin, nós não tínhamos isso quando éramos crianças”, diz Alexandra. “Portanto, sua maneira de se relacionar conosco era intensa, mas ele também tinha muito orgulho. Ele comemorava cada coisa que fazíamos.” Em 1987, Reeve conheceu Dana Morosini, cantora e atriz. Ele a adorava, mas ainda tinha pavor de se comprometer. Ele fez terapia para falar sobre seu medo do casamento e acabou pedindo-a em casamento. Eles se casaram em abril de 1992, quando ela estava grávida de seis meses de Will. Em 1995, ele fez seu último filme antes do acidente, Acima de qualquer suspeita, no qual interpretou um policial paralisado após um tiroteio. Uma década antes, Reeve havia aprendido a andar a cavalo para uma adaptação de Anna Karenina e, a essa altura, já era um sério competidor equestre. Em 27 de maio de 1995, na semana seguinte à estreia de Acima de qualquer suspeita, ele estava competindo em Culpeper, Virgínia, quando seu cavalo o derrubou. Ele caiu de cabeça e quebrou o pescoço. O mundo ficou em choque. Não era apenas uma superestrela que havia ficado paralisada – era o Superman. A cirurgia que se seguiu foi radical e poderia facilmente tê-lo matado. “No filme, Will diz que literalmente teve sua cabeça recolocada em seu corpo”, diz Alexandra. “Ele marcou meus filhos para o resto da vida com essa frase!” E ela é correta? “Não sei se a profissão médica usaria essa frase! Eles foram diretos ao dizer que a probabilidade de ele sobreviver à cirurgia era de 50%. Lembro-me de que, antes da cirurgia, fomos nos despedir porque sabíamos que ele poderia não sobreviver.” Essas e outras histórias todos poderão conferir no documentário que chega hoje aos cinemas, com 100 % de aprovação do Rotten Tomatoes, e a certeza de que mesmo não tendo nascido em Krypton, Christopher Reeve foi um Super Homem.

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