MÊS DO SUPERMAN | MORTE E RETORNO DO SUPERMAN

Por Adilson Carvalho

Os quadrinhos de super herói passaram por uma fase de desconstrução nos anos 90, transformaram o Lanterna Verde em vilão, aleijaram o Batman e … mataram o Superman. Claro que todas essas modificações foram arcos de histórias caça-níqueis funcionais pois aumentaram as vendas, movimentaram a indústria de quadrinhos e renovaram o interesse do público leitor com uma visibilidade que há algum tempo não estavam tendo. No caso da Morte e Retorno do Superman o arco levou cerca de um ano desenvolvendo a história nas páginas dos títulos Superman, Action Comics, The Adventures of Superman e Superman – The Man Of Steel. A primeira fase se inicia quando surge um monstro que a imprensa batiza de Apocalipse. A criatura que se mostra uma força de ódio e destruição irrefreáveis promove um rastro de destruição por onde passa e derrota facilmente toda a Liga da Justiça deixando o Superman como único herói de pé capaz de parar o avanço do monstro. A luta é devastadora e termina com a morte do Superman publicada em Superman #75 (Janeiro de 1993). A segunda fase intitulada Funeral Para Um Amigo começa no mesmo mês nas páginas do título The Adventures of Superman # 498 mostrando as consequências da morte do herói para os outros heróis, para os pais adotivos do herói, para sua amada Lois, seus amigos e o público em geral. O arco termina com o desaparecimento do corpo do kryptoniano e com o surgimento de quatro heróis novos substituindo o Superman em Metropolis.

O que se segue é intitulado de Reino dos Supermen se estendendo pelos meses seguintes. O nome é uma adaptação do nome de um conto feito por Jerry Siegel e Joe Shuster chamada Reign of The Superman, publicada em Science Fiction: The Advance Guard of Future Civilization #3, em janeiro de 1933. A equipe criativa da DC Comics, que iniciou toda essa saga, tinha o texto de Dan Jurgens, Roger Stern, Karl Kesel, Jerry Ordway e Louise Simonson com os desenhos feitos pelo próprio Jurgens além de Tom Grummett, Jon Bogdanove e Jackson Guice. Juntos apresentaram ao publico o Super Ciborgue, Aço, o Último Filho de Kypton e o Superboy, cada um agindo de forma muito diferente do Superman, e dividindo a opinião pública. Ao longo das histórias é revelado que o Superboy é um clone do Superman; enquanto o Último Filho de Krypton é a reencarnação do Erradicador, vivo graças ter usado sua energia para formar um corpo a imagem de Kal-El; já Aço é o cientista John Henry Irons, criador de uma armadura tecnológica para combater o crime, inspirado no sacrifício do Superman. O personagem que acaba se revelando um traidor é o Super Ciborgue, na verdade o ex astronauta Hank Henshaw, que depois de um acidente perdeu seu corpo humano e criou uma cópia do corpo do Superman feito com sua habilidade de manipular metais. Sua verdadeiras intenção, em cumplicidade com o ditador Mongul, é destruir a cidade de Cost City, matando seus 7 milhões de habitantes, o que vai levar ao surto que transformará o Lanterna Verde Hal Jordan no vilão Parallax. O Super Ciborgue só é derrotado e impedido de fazer o mesmo com Metropolis quando o verdadeiro Superman, imensamente debilitado, reaparece vivo, com uma pequena ajuda de seus amigos confronta Hank Henshaw nas páginas de Superman #82 (outubro de 1993).

O mistério sobre quem era o monstro Apocalipse era e como ele conseguiu matar o Superman permaneceu um mistério até junho de 1994 na minissérie Supeman X Apocalipse: A Revanche. No Brasil, a editora Abril publicou todo esse material em minisséries e edições especiais, um sucesso de vendas que a mídia explorou como pôde chegando inclusive a virar tema de redação da UFRJ em dezembro de 1992. Apesar do sucesso comercial e artístico, essa não foi a primeira vez que o Superman morria nas hqs. A primeira vez que uma morte de Superman ocorreu foi numa história imaginária, Morte Secreta do Superman, de 1961. Mas foi a popularidade do longo arco de 1993 que foi adaptado várias vezes para outras mídias como games, animações, e nas telas do cinema nos filmes Batman x Superman : A Origem da Justiça (2016) e na Liga da Justiça (2017). Na TV o desenho da Liga da Justiça adaptou alguns elementos da saga dos quadrinhos e a série Smallville também fez o mesmo, assim como a figura de Apocalipse detonou os acontecimentos que começam a 4º temporada de Superman & Lois (2024). Se alguém ainda duvida do apelo do Superman como herói, agora não há mais dúvida que seu maior poder e vencer a morte, se mostrar insubstituível e um exemplo do altruísmo que molda o gênero.

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