Há exatos 60 anos um menino de 11 anos se tornou um grande herói aventureiro, viajando ao redor do mundo com seu pai, um famoso cientista, seu corajoso guarda-costa, um jovem indiano adotado e um buldogue. Eu tinha uns 10 anos quando conheci a série Jonny Quest e a identificação foi imediata. Na minha imaginação eu era Jonny Quest, todos nós crianças éramos. A série produzida por Hanna-Barbera destoava das demais do estúdio por imprimir um realismo inédito então, e apresentando um tom sério, core vibrantes, personagens carismáticos e histórias que não se preocupavam muitas vezes em disfarçar o lado trágico com vilões que morriam, sem redenção ou moralismo final. Para uma realidade de 1964, é admirável que a série animada tenha se tornado um sucesso. A ideia original era ser uma versão em desenho animado da clássica série de rádio Jack Armstrong, the All-American Boy, mas a Hanna-Barbera não conseguiu os direitos autorais. Quando o veterano artista de quadrinhos Doug Wildey (1922/1994) entrou na equipe, ele sugeriu abandonar essa ideia em favor de um conceito original, e assim nasceu a ideia de Jonny Quest. A imagem dos créditos finais em que tribos africanas arremessam lanças contra o avião dos Quest foi planejada como parte desse conceito inicial com a quase adaptação de Jack Armstrong. Como fonte de inspiração, ele usou a série de filmes infanto-juvenis de Jackie Cooper e Frankie Darro, a história em quadrinhos Terry & Os Piratas de Milton Caniff, e, a pedido da Hanna-Barbera, o filme de James Bond, 007 Contra o Satânico Dr. No (1962).
A memorável abertura com seu tema musical, composto por Hoyt Curtin, o mesmo responsável por outras animações do estúdio, traz uma abertura pop-rock com apresentação dos personagens como se estivéssemos assistindo a um seriado live-action. A cada episódio o Dr. Benton Quest é enviado em uma missão investigativa para o governo britânico, protegido pelo agente Roger Race Bannon (personagem criado a partir das feições do ator Jeff Chandler), acompanhado de seu filho de 11 anos, Jonny, o menino indiano Hadji, adotado pela família Quest e , claro, o simpático bulldogue Bandit. As ameaças enfrentadas variavam de espiões de potencias inimigas (nunca mencionadas explicitamente) a cientistas malucos. A família Quest teve 26 episódios regados a pura ação e aventura onde encaravam de tudo : Múmias, robôs com formato de aranha, lobisomens, yetis, dragões e até pterodátilos. O primeiro episódio chamada O Mistério do Mar de Sargassos foi ao ar pela primeira vez em 18 de setembro de 1964, em cores vibrantes e ação movimentada. Chegou ao Brasil em 1966 pela Rede Globo, depois sendo exibida em várias outras emissoras como Tupi, Band e SBT. Atualmente Jonny Quest está disponibilizado no streaming da MAX.

Em 1986 a Hanna-Barbera produziu The New Adventures of Jonny Quest com 13 episódios. Essa segunda série chegou ao Brasil pela primeira vez pelo SBT em 1988 e trazia no elenco um novo aliado, o gigante de pedra Petronius, que se junta à família Quest. Entre 1996 e 1997 o Cartoon Network produziu The Real Adventures of Jonny Quest com 52 episódios. Nessa série Jonny e Hadji são adolescentes e são acompanhados por Jessie, a filha de Race Bannon. Dois novos vilões são criados para a série os nefastos Jeremias Surd e Ezekiel Fúria. A série atraiu a atenção de novos fãs e inclui sequências inteiras feitas em computação gráfica já que o Dr. Quest criou o Mundo Quest, um programa de realidade virtual. Um dos melhores desenhos da TV, Jonny Quest virou nome de banda de rock brasileira, e permanece um dos mais populares do gênero, aguardando uma boa adaptação live-action. Jonny Quest pode ser visto também na tvclassicos.com.br, o lar das séries clássicas.