UM SECULO DE LUZES | O MITO BELA LUGOSI

Por Adilson Carvalho

O húngaro Bela Lugosi foi o primeiro Dracula oficial do cinema (Não contabilizando Nosferatu claro). E apesar de ter entrado para a história do cinema pelo papel do personagem saído do livro de Bram Stoker, Lugosi só o interpretou mesmo em dois filmes. Primeiro foi Dracula de 1931, dirigido por Tod Browning, que na verdade não era uma adaptação direta do livro, mas da peça teatral encenada  a Broadway pelo próprio Lugosi no papel de Dracula desde 1927.  O papel no filme foi quase de Lon Chaney (O Fantasma da Opera), inicialmente pensado pelo papel de Drácula, mas a morte de Chaney abriu a oportunidade para Bela. Embora tenha feito vários outros filmes do gênero, incluindo vampiros, Bela só voltou a ser Dracula diante das telas em Às Voltas com os Fantasmas (1944), paródia estrelada na verdade pelos comediantes Abbot & Costello. Ele foi contratado para aparecer em A Filha de Drácula (1936) com um salário de US$ 4.000, mas o roteiro original em que o personagem aparecia foi rejeitado pela Universal. O roteiro final não envolvia Drácula, exceto por uma cena de inserção dele em seu caixão, mas Lugosi foi pago, ganhando US$ 500 a mais por não aparecer no filme do que por estrelar Drácula (1931). Alguns mitos atribuídos ao ator, no entanto, são tidos incorretamente como fatos. Primeiro que ele e Boris Karloff, que fizeram juntos 8 filmes,  seriam ferrenhos rivais; segundo que ele quase nao falava ingles e teria dito suas falas foneticamente, o que não é verdade, e outro é que ele teria sido enterrado com a mesma capa usada no filme de Browning. Esta é ao menos uma meia verdade já que ele foi enterrado caracterizado como Dracula sim, mas a capa era uma réplica e não a original. Mesmo não usando as presas ensaguentadas tipicamente associadas ao papel é indubitável que o visual por ele impresso com o olhar frio que era capaz de projetar, seu sotaque húngaro e sua persona europeia sedimentaram a figura de Dracula no imaginário popular.  E hoje passados 68 anos de sua morte, Bela Lugosi vive imortalizado na arte cinematográfica e contrariando a canção da banda Balhaus “Bela Lugosi is NOT dead” (Bela Lugosi não está morto)

Deixe um comentário