Por Adilson Carvalho
Vivemos hoje um dia importante em termos de política internacional com as eleições presidenciais americanas. De um lado a truculência de Donald Trump e de outro a diplomacia equilibrada de Kamala Harris. O cinema sempre gostou de se espelhar na vida real para mostrar filmes sobre os bastidores do poder político. Conveniente que façamos uma playlist de filmes que tratam do curioso processo eleitoral americano. Vamos la!!!

#1. Segredos do Poder (Primary Colors) 1998. Em 1996, o colunista Joe Klein lançou uma versão fictícia e muito velada da primeira campanha presidencial de Bill Clinton. O livro serviu de base para um dos triunfos do final da carreira do grande diretor Mike Nichols, a comédia dramática que apresenta um elenco de estrelas como interpretações exageradas do elenco de personagens do governo Clinton. Adrian Lester é o ponto de vista brilhante da loucura, que se concentra no governador mulherengo, mas charmoso, de John Travolta, aspirante à presidência, e inclui Emma Thompson, Billy Bob Thornton e Kathy Bates como alguns dos manipuladores oportunistas que tentam levar seu cavalo de prêmio à vitória. Lançado durante o escândalo de Monica Lewinsky, o filme foi comercializado como uma comédia de humor, mas o roteiro de Elaine May é muito mais espirituoso e inteligente na forma como examina o artifício e o trabalho nos bastidores de uma campanha bem-sucedida.
#2. Milk – A Voz da Igualdade (Milk) 2008. Considerando o debate em desenvolvimento sobre a orientação sexual no elenco, é possível que esse filme do diretor Gus Van Sant, não fosse estrelado por Sean Penn se a Focus Features estivesse contando a história da primeira pessoa abertamente gay a ocupar um cargo público nos EUA atualmente. Ainda assim, o peso pesado de Hollywood traz um apelo perfeito e um carisma elétrico para o que é um triunfo inegável do docudrama LGBTQ. O filme de 2008 recebeu oito indicações ao Oscar daquele ano, ganhando o prêmio de Melhor Roteiro Original para Dustin Lance Black e Melhor Ator para Penn (seu segundo depois de Sobre Meninos & Lobos em 2003). O filme biográfico traça a vida de Harvey Milk: um ativista californiano que se tornou político e foi eleito para o Conselho de Supervisores de São Francisco, exercendo seu mandato por apenas 11 meses antes de ser assassinado junto com o prefeito George Moscone.

#3. O Candidato (The Candidate) 1972. O roteiro, vencedor do Oscar da categoria, foi escrito por Jeremy Larner, profissional que escrevia discursos para Eugene McCarthy na campanha presidencial de 1968. Obcecado pela verdade, Larner imprimiu uma abordagem próxima do documentário e do cinéma verité a seu texto. Ao criar uma campanha realística para o personagem principal, ele e o diretor Michael Ritchie fizeram com que vários políticos tentassem atrair Robert Redford para uma eleição real. A frase final do filme, “what do we do now?” (O que vamos fazer agora?) tornou-se icônica. Na história Redford interpreta Bill McKay, advogado esquerdista da Califórnia, filho do ex-governador John J. McKay, é inscrito por Marvin Lucas, chefe da campanha, para uma cadeira no Senado. McKay concorda, com a condição de que possa dizer exatamente o que pensa. Sem chances no começo, sua honestidade aos poucos foi conquistando o eleitorado. Logo, Lucas e equipe começam a fazer de tudo para vencer e McKay vai perdendo os escrúpulos, o que o leva a refletir sobre o porquê de ter mudado tanto.

#4. Uma Eleição Atrapalhada (Welcome to Mooseport) 2004. A história se passa na fictícia cidade de Mooseport, Maine. É ali que residirá o ex-presidente dos Estados Unidos. Monroe Cole, com seus assessores Grace Sutherland e Bullard. Passa a interessar-se pela veterinária Sally Mannis, ao mesmo tempo em que é convidado a ser prefeito da cidade. Handy Harrison, encanador e comerciante da cidade, já havia inscrito seu nome como candidato, mas logo retira em favor do ex-presidente. Namorado de Sally, ao perceber o interesse de Cole em sua amada, mantém a candidatura. Na campanha eleitoral, Cole conta com a ajuda do estrategista político Bert Langdon. Harrison é apoiado inesperadamente pela ex-esposa de Cole e ex-primeira dama Charlotte Cole. Foi o último filme de Gene Hackman antes de sua aposentadoria.

#5. Mera Coincidência (Wag The Dog) 1997. Dirigido por Barry Levinson, o filme traz a saudosa Anne Heche no papel de Winifred Ames: uma importante assessora de um presidente dos Estados Unidos subitamente envolvida em um escândalo sexual apenas duas semanas antes de sua reeleição. Winifred chama Conrad Brean, o personagem de Robert De Niro, que, por sua vez, recruta Stanley Motss, o produtor de Hollywood de Dustin Hoffman, para ajudá-lo a encenar um falso conflito na Albânia, como forma de aumentar os números do presidente em exercício. As semelhanças gritantes da sátira sombria com o governo de Bill Clinton – tanto em relação ao escândalo/impeachment de Monica Lewinsky quanto ao histórico de assuntos internacionais do ex-presidente em Kosovo – causaram impacto no público em 1997. Mas é o roteiro inteligente (e dolorosamente presciente) de Hilary Hankin e David Mamet, que critica a sobreposição de tretas entre a ótica e a política, agora em alta em 2002, que o torna estimulante, duradouro e um pouco exaustivo