Por Adilson Carvalho


Frank Capra ficou famoso por seus filmes positivistas, popularizando a luta clássica de Davi contra Golias. Antes de conseguir seu ambicioso projeto de filmar Horizonte Perdido, Capra filmou O Galante Mr. Deeds (Mr. Deeds Goes to Town) em 1936. Capra sabia como ninguém inserir mensagens humanistas e críticas ao materialismo reinante na sociedade da era do New Deal. Seu estilo equilibrava humor e drama com uma habilidade de conduzir diálogos muito bem elaborados escritos em colaboração com Robert Riskin (1897/1955) a partir de uma história de Clarence Budington Kelland. Gary Cooper tinha 35 anos quando fez o simples e honesto escritor interiorano Longfellow Deeds, que recebe uma herança milionária de seu tio, sendo obrigado a deixar sua vida em Mandrake Falls e partir para Nova York, onde lidará com pessoas que só pensam em se aproveitar de sua fortuna e humildade. Ele se envolve em um romance com uma esperta jornalista (Jean Arthur) e se torna alvo de implacáveis homens de negócio e parentes. Mas Mr. Deeds provará que tem um coração de ouro, e sua humildade e bondade se tornarão uma lição de vida para todos.

Desde o início, Frank Capra estava convencido de que Gary Cooper seria perfeito para o papel de Longfellow Deeds. A produção teve de esperar seis meses até que Cooper estivesse disponível, incorrendo em custos de US$ 100.000 pelo atraso nas filmagens. O principal papel feminino seria feito com Carole Lombard, mas esta preferiu fazer Irene, a Teimosa (1936). Jean Arthur, de 36 anos, ficou com o papel. A atriz tinha tanto medo do palco que muitas vezes vomitava antes das cenas e voltava correndo para o camarim depois de cada tomada para chorar. No entanto, ela era totalmente tranquila diante das câmeras. Gary Cooper foi um dos poucos atores que conseguiu fazer com que ela se sentisse à vontade no set. Em 2002 o filme foi refilmado com Adam Sandler e Wynona Ryder rebatizado de A Herança de Mr. Deeds. O toque de Capra, no entanto, é insuperável.
No próximo artigo vamos descobrir que do mundo nada levamos.