BASTIDORES | POR QUE GENE HACKMAN SE APOSENTOU TÃO CEDO?

ACS

Entre sua estreia como ator na tela grande, no subestimado Lilith (1964) de Robert Rossen, e seu canto do cisne, Uma Eleição Muito Atrapalhada (2004), o icônico ator Gene Hackman tinha a reputação de ser um ator prolífico, mesmo com alguns fracassos de bilheteria como a comédia policial O Tiro Que Não Deu Certo (1990), de Dan Aykroyd, ou sua terceira volta como Lex Luthor em Superman IV: Em Busca da Paz (1987). Agora com 94 anos, há uma boa chance de ele ter se aposentado na década de 2020, se não antes, mas seus antigos colegas de quarto em Nova York, Dustin Hoffman e Robert Duvall, ainda estão trabalhando. Enquanto ele estiver aqui, aqueles de nós que cresceram sabendo que a cada ano, mais ou menos, haveria pelo menos um bom filme de Hackman nos cinemas, não podem deixar de ter a esperança de que ele saia discretamente da aposentadoria para uma abençoada chamada de cortina.

Alem de ter representado a supervilania no papel de Lex Luthor em Superman – o Filme (1978), Hackman encontrou tons escuros de cinza em três de seus personagens mais fascinantes: o itinerante Max Millan em O Espantalho (1973), o bisbilhoteiro Harry Caul em A Conversação, (1974) de Francis Ford Coppola, e o idiota Harry Moseby em Um Lance no Escuro (1975), de Arthur Penn. Ao longo das décadas de 70 e 80 Gene brilhou em filmes como Mississipi em Chamas (1988), Imperdoáveis (1992) e A Firma (1993). Em 2009, a Empire magazine conseguiu uma rara entrevista pós-aposentadoria com Hackman, que serve como uma retrospectiva de carreira comovente e informativa. Um dos momentos mais reveladores do bate-papo foi quando Hackman explicou sem rodeios por que parou de trabalhar em 2004. “A gota d’água foi, na verdade, um teste de esforço que fiz em Nova York”, disse o ator duas vezes ganhador do Oscar. “O médico me informou que meu coração não estava em condições de ser submetido a qualquer tipo de estresse.”

Em 2011, Hackman admitiu que poderia ser persuadido a voltar a atuar, mas somente sob condições muito específicas. Como ele disse à GQ: “Se eu pudesse fazer isso em minha própria casa, talvez, sem que perturbassem nada e apenas uma ou duas pessoas”. Ninguém descobriu como fazer isso (é desolador notar que o único diretor que poderia ter convencido Hackman a tentar, Tony Scott, morreu cedo demais em 2012), portanto, a tela ficou sem Hackman por 20 anos. Hackman tem se mantido ocupado em sua aposentadoria. Além de ter sido atropelado por uma caminhonete em 2012 enquanto andava de bicicleta, ele escreveu cinco romances, o que é muito mais do que muitos escritores em atividade podem dizer. Três deles (“Wake of the Perdido Star”, “Justice for None” e “Escape from Andersonville”) são ficções históricas escritas com o arqueólogo submarino Daniel Lenihan, enquanto os outros dois (o faroeste “Payback at Morning Peak” e o thriller policial “Pursuit”) foram excursões solo. Uma prova do talento enorme de Hackman, um dos maiores de Hollywood.

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